Galerias ocidentais, como Lisson e Perrotin, ampliam operações na China continental, enfrentando desafios culturais e burocráticos
A expansão de galerias de arte ocidentais na China continental tem se intensificado nos últimos anos, refletindo uma estratégia de engajamento mais profundo com o segundo maior mercado de arte do mundo. Tradicionalmente, Hong Kong tem sido o centro preferido para operações de casas de leilão e galerias ocidentais devido ao seu ambiente de negócios favorável e status de porto livre. No entanto, a crescente importância econômica e cultural das cidades continentais chinesas, como Xangai e Pequim, tem atraído a atenção de instituições renomadas que buscam estabelecer uma presença mais direta no coração do mercado chinês.
Atração pelo mercado continental
A Lisson Gallery, sediada em Londres, é um exemplo proeminente dessa tendência. A galeria inaugurou seu espaço em Xangai em 2019 e expandiu para Pequim em 2022. De acordo com o parceiro global da Lisson, Greg Hilty, a motivação para essa expansão vai além das vendas. A galeria representa artistas chineses de renome, como Ding Yi e Yu Hong, e busca aprofundar seu compromisso com a cena artística local. Hilty enfatiza a importância de compreender o contexto cultural e artístico da China, afirmando que “estar presente na China nos permite entender melhor o contexto em que nossos artistas chineses estão trabalhando e nos engajar mais profundamente com o público local”.
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Outra instituição notável é a Perrotin, que estabeleceu sua galeria em Xangai em 2018. O fundador, Emmanuel Perrotin, destacou que a decisão de abrir um espaço na China continental foi impulsionada pelo desejo de construir relacionamentos mais próximos com colecionadores e instituições locais. Ele observa que “estar em Xangai nos permite estar mais próximos dos nossos colecionadores chineses e entender melhor suas necessidades e interesses”.
Desafios e Complexidades
Apesar das oportunidades, operar na China continental apresenta desafios significativos para as galerias ocidentais. Questões culturais, como diferenças nas práticas de negócios e preferências estéticas, requerem uma adaptação cuidadosa. As galerias precisam navegar por regulamentações complexas e, muitas vezes, ambíguas, o que exige uma compreensão profunda das leis e normas locais.
A burocracia também representa um obstáculo. Processos administrativos, como obtenção de licenças e permissões, podem ser demorados e complicados. Além disso, questões relacionadas à importação e exportação de obras de arte, bem como políticas alfandegárias, adicionam camadas adicionais de complexidade às operações diárias.
Estratégias de Adaptação
Para mitigar esses desafios, muitas galerias adotam estratégias que incluem parcerias com instituições locais e contratação de equipes com experiência no mercado chinês. Por exemplo, a Almine Rech, que abriu sua galeria em Xangai em 2019, enfatizou a importância de colaborar com curadores e artistas locais para garantir que as exposições ressoem com o público chinês. A galeria também investiu em programas educacionais e eventos para engajar a comunidade local e construir uma base de apoio sustentável.
Além disso, a adaptação às preferências locais é crucial. Isso pode envolver a seleção de artistas e obras que alinhem com os gostos e interesses do público chinês, bem como a organização de exposições temáticas que reflitam questões culturais relevantes. A flexibilidade e a disposição para aprender e se adaptar são fundamentais para o sucesso nesse mercado dinâmico.
Perspectivas Futuras
A presença crescente de galerias ocidentais na China continental sinaliza uma evolução significativa no mercado de arte global. À medida que mais instituições buscam estabelecer raízes na região, espera-se uma maior integração entre as cenas artísticas ocidentais e chinesas. No entanto, o sucesso a longo prazo dependerá da capacidade dessas galerias de navegar pelos desafios únicos do mercado chinês, respeitando suas complexidades culturais e regulatórias, enquanto constroem relacionamentos autênticos e duradouros com o público local.
Em última análise, a expansão para a China continental representa uma oportunidade para as galerias ocidentais não apenas ampliarem seus mercados, mas também enriquecerem o diálogo cultural global, promovendo uma compreensão mútua e apreciação das diversas tradições artísticas que compõem o panorama da arte contemporânea.