Leilões de NY destacam um mercado de arte fragmentado

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Com as vendas do outono de Nova York concluídas, é hora de analisar os destaques e o comportamento do mercado de arte

As vendas nos leilões de Nova York trouxeram novos dados para um panorama do mercado de arte. Desta vez, houve alguns grandes números e algumas decepções surpreendentes, mesmo para nomes de primeira linha – o que pode indicar um mercado que considera a qualidade específica de cada obra.

“O mercado de arte não é um monólito”, disse a consultora de arte Megan Fox Kelly à ARTnews após a semana de vendas. “É frequentemente mais preciso, eu acho, analisar o mercado no nível do trabalho individual”.

Obras como Standard Station, Ten-Cent Western Being Torn in Half (1964), de Ed Ruscha, e L’empire des lumières (1954), de René Magritte, comandaram longas guerras de lances e preços recordes (US$ 68 milhões e US$ 121 milhões, com taxas, respectivamente).

Destaques e termômetro do mercado

Entre os maiores da semana estavam as vendas da Sotheby’s, com obras de arte do espólio de Sydell Miller e da coleção de Roy e Dorothy Lichtenstein, várias obras-primas surrealistas, a Danner Memorial Window da Tiffany Studios e a coleção de desenhos de Keith Haring (da coleção de Larry Warsh), bem como as vendas mencionadas de Ruscha e Magritte na Christie’s.

Consultores de arte reportaram à ARTnews que os resultados destas vendas destacaram vários aspectos de como o mercado está atualmente, como a imprevisibilidade de depender de grandes propriedades e divórcios importantes para trazer obras de nove dígitos ao mercado, bem como oportunidades para compradores exigentes. Também houve um interesse crescente no surrealismo e em peças de design de belas artes, o que pode explicar por que a mesa “Herd of Elephants in the Trees” (2001) de François-Xavier Lalanne foi vendida por US$ 11,6 milhões.

Os resultados desiguais também refletiram o sentimento nervoso entre muitos compradores após a eleição presidencial dos EUA em 6 de novembro. “Acho que ainda há muita cautela porque ninguém sabe o que vai acontecer com o mundo, mas ainda acho que se alguém tiver meios, pagará caro”, disse a consultora Ivy Shapiro à ARTnews.

Na Christie’s, o preço final estratosférico de L’empire des lumières de Magritte ajudou a casa a lucrar US$ 486 milhões na noite de 20 de novembro. Quando perguntada se a propriedade de Mica Ertegun pode ter ajudado a obra a atingir o preço recorde de US$ 121 milhões, a consultora Wendy Cromwell sugeriu que foi a ausência de décadas da obra no mercado e as múltiplas ofertas que Ertegun rejeitou ao longo desses anos que tiveram mais impacto.

Vista da instalação de “Subway Drawings” de Keith Haring na Sotheby’s antes do leilão da semana passada. Foto Stephen Yang/Cortesia Sotheby’s

Vista da instalação de “Subway Drawings” de Keith Haring na Sotheby’s antes do leilão da semana passada. Foto Stephen Yang/Cortesia Sotheby’s

Haring e Lichtenstein

Nove obras de Lichtenstein oferecidas pela Sotheby’s foram todas vendidas, somando US$ 24,36 milhões. O artista pop será o tema de uma grande retrospectiva no Whitney Museum em 2026, o que pode ser uma das razões para esses resultados.

O marketing certamente não prejudicou a coleção de Warsh, de 31 desenhos de Haring em giz sobre papel – os chamados Subway Drawings, porque foram desenhados no papel preto fosco que cobria a publicidade em branco nas estações de metrô da cidade de Nova York. A venda white gloves, que aceitou pagamentos em criptomoedas, rendeu US$ 9,2 milhões. Um preço justo, na opinião da consultora Candace Worth.

Worth disse que outro sinal de que o mercado de leilões ainda está em um período de correção foi que os lances foram reabertos para diversas obras, como The Ceremonious (1954), de Jean Dubuffet, e Blue Tablet (1962), de Ellsworth Kelly, este último garantido pela Christie’s e sendo arrematado por US$ 2 milhões, metade de sua estimativa mais baixa.

“Isso é meio incrível”, disse Worth, notando a tradição de ofertas pós-venda e negociações para acordos pós-venda. “Mas, ali mesmo na sala? Olha, eles fizeram de tudo – eles têm que fazer. O esforço é claro. Não é um mercado fácil”.

Com informações da Artnews

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