ArtRio mostra que não há desaceleração no mercado de arte brasileiro

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A edição da ArtRio foi destaque no portal ARTnews

A 14ª edição da ArtRio, a segunda maior feira de arte do Brasil e uma das mais importantes da América Latina, parece estar surpreendendo muitos visitantes e insiders locais. Apesar do sentimento geral de desaceleração no mercado global de arte, essa não foi a impressão geral na feira que ocupou a Marina da Glória.

“Ouvi dizer que os mercados de arte do mundo estão desacelerando, mas vendo este primeiro dia aqui na ArtRio, posso dizer com certeza que o mercado brasileiro não está desacelerando em nada”, disse Brenda Valansi, fundadora da ArtRio, à ARTnews.

Velas (2000), de Ascanio MMM, escultura instalada na área externa da ArtRio. Cortesia ArtRio

Velas (2000), de Ascanio MMM, escultura instalada na área externa da ArtRio. Cortesia ArtRio

Isadora Ganem, diretora da Mendes Wood DM, uma das principais galerias do Brasil com sede em São Paulo e filiais em Nova York, Paris e Bruxelas, concordou. “O mercado de arte brasileiro está saudável e estável”, disse ela à ARTnews.

Para Ganem, há duas perspectivas sobre o mercado brasileiro. Uma que é o próprio mercado de arte brasileiro e outra que leva em consideração a arte brasileira no cenário artístico global. “O mercado de arte brasileiro ainda é muito local, mas está crescendo. Há muitas galerias novas, e estamos vendo galerias começando em outras cidades fora do eixo São Paulo-Rio”, disse ela.

Cérebro (2023), de Leda Catunda. no estande da Fortes D’Aloia & Gabriel. Foto: Eduardo Ortega/Cortesia Fortes D’Aloia & Gabriel

Cérebro (2023), de Leda Catunda. no estande da Fortes D’Aloia & Gabriel. Foto: Eduardo Ortega/Cortesia Fortes D’Aloia & Gabriel

Com mais de 80 galerias nacionais e internacionais, bem como instituições de arte, a feira segue a receita das edições anteriores, com dois pavilhões principais: Mar e Terra.

No pavilhão Mar, a ArtRio trouxe de volta sua programação Brasil Contemporâneo após um hiato de cinco anos. Com o objetivo de promover galerias de lugares fora do eixo Rio e São Paulo, a programação deste ano teve forte presença de artistas indígenas, incluindo membros do coletivo MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin), da Terra Indígena Kaxinawá (Huni Kuin), no noroeste do estado do Acre, e que criaram um mural no exterior do Pavilhão Central na Bienal de Veneza deste ano. Cleiber Bane, Acelino Sales e Cleudon Txana Tuin exibiram cada um uma pintura no estande do Carmo Johnson Project.

O pavilhão Mar também apresentou as seções Solo da feira, com foco em apresentações de artistas individuais, e Mira, para projeções de videoarte, selecionadas este ano em parceria com o Pérez Art Museum Miami. O pavilhão Terra, por outro lado, trouxe a tradicional seção Panorama, com galerias de primeira linha com foco em arte moderna e contemporânea. Ao ar livre, com vista para a Baía de Guanabara, um jardim de esculturas exibiu obras de grande porte de Ascânio MMM, Amilcar de Castro e outros.

Durante a abertura VIP, qualquer sensação de um mercado de arte lento estava longe da mente de ninguém. Ao pôr do sol, os dois pavilhões estavam agitados com compradores interessados. “Este é o primeiro dia e já há muito interesse, com muitas pessoas perguntando sobre os preços das obras”, disse Camila Tomé, diretora da Galeria Athena do Rio.

Para Valansi, embora o mercado de arte mundial pareça um pouco instável, o mercado de arte brasileiro continua bastante sólido. “Ao longo dos anos, vimos picos e vales, mas, na média, ele se manteve estável”, disse ela.

Do ponto de vista internacional, Ganem, diretora da Mendes Wood DM, disse que o mundo está muito mais aberto à arte brasileira. “Estamos vendo um aumento da presença de galerias de arte brasileiras em feiras de arte internacionais”, disse ela. “Também estamos vendo um aumento de artistas brasileiros representados por galerias internacionais.”

Parte disso, disse Ganem, pode ter a ver com a Bienal de Veneza deste ano, que foi organizada pela primeira vez por um curador da América Latina, Adriano Pedrosa, diretor artístico do Museu de Arte de São Paulo. Sua exposição, “Foreigners Everywhere”, destacou centenas de artistas do Sul Global, muitos deles brasileiros.

O número de visitantes estrangeiros neste primeiro dia da ArtRio não foi realmente uma surpresa para Alessandra D’Aloia, uma das sócias fundadoras da Fortes D’Aloia & Gabriel, que tem filiais no Rio e em São Paulo.

“Acho que estamos em um momento muito especial no Brasil. Não se trata mais apenas de arte europeia e americana”, disse D’Aloia, observando que agora há mais foco em “arte indígena, popular e outros ícones que carregamos em nossa arte [no Brasil]. Há tantas referências da nossa cultura em feiras internacionais hoje em dia e acho que atraímos muito público internacional para a arte brasileira.”

Com essa atenção internacional renovada no Brasil, D’Aloia acrescentou: “O interesse pela arte brasileira aumentou ao longo dos anos e não consigo imaginar um colecionador europeu ou americano sério sem obras de um artista brasileiro em seu portfólio agora.”

Via ARTNews

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