Os macacos se juntam a uma sequência de murais surgidos em Londres, depois de uma cabra montesa e dois elefantes, todos reivindicados por Banksy
O artista anônimo Banksy deixou os londrinos — e o mundo da arte internacional — intrigados pelo terceiro dia consecutivo. Uma obra de arte mostrando três macacos se balançando em um viaduto na Brick Lane, no sul de Londres, também apareceu no Instagram do artista britânico – que é a forma como ele normalmente reivindica a autoria de novos trabalhos.
Os animais são um pilar no trabalho de Banksy, e os macacos têm aparecido repetidamente. Por exemplo, em Devolved Parliament (2009), ele satiriza a elite ao mostrar o governo da Inglaterra substituído por chimpanzés e orangotangos.
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E seu estêncil Laugh Now (2003) mostra um macaco com uma placa no pescoço onde se lê “Ria agora, mas um dia estaremos no comando”, o que também parece rebaixar a humanidade por meio de uma visão irônica da teoria da evolução. Mas não há nenhuma implicação igualmente clara no novo trabalho.
O estêncil do macaco, no entanto, segue dois outros trabalhos com temas de animais na mesma parte da cidade ao longo de vários dias.
Sequência de novos murais
Na segunda-feira (5), depois de um hiato de silêncio desde que postou no Instagram sobre a reação cínica dos políticos ao seu último trabalho com tema de imigração, Banksy postou no Instagram a imagem de uma cabra montesa precariamente empoleirada no alto de uma parede externa de um edifício. Em milhares de comentários, os fãs apresentaram inúmeras interpretações, desde aquelas que lidam com a Palestina (a gazela da montanha é o seu animal nacional), até aquelas que a viam como um comentário sobre o estado frágil da sociedade britânica, ou outras que opinavam que ela representava um bode expiatório.
Na terça-feira (6), surgiu uma obra mostrando as silhuetas de dois elefantes na lateral de um prédio, com suas trombas se estendendo em direção uma à outra, mas sem se tocarem. Os comentaristas interpretaram isso como se estivesse se dirigindo ao “elefante na sala” (Palestina, talvez?) ou como uma referência à Criação de Adão de Michelangelo (c. 1512) do teto da Capela Sistina.
Com o número crescente de animais soltos na cidade, os nerds do cinema também podem pensar no thriller de ficção científica de 1995 do cineasta Terry Gilliam, 12 Monkeys, no qual o Exército dos 12 Macacos, um grupo de ativistas dos direitos dos animais liderado por Brad Pitt, organiza um protesto deixando todos os animais saírem de um zoológico urbano. No filme, ambientado em um futuro pós-apocalíptico, Bruce Willis interpreta um condenado enviado de volta no tempo para evitar uma catástrofe global, cuja causa os cientistas do futuro não conseguiram identificar.
E quem sabe? Talvez a catástrofe esteja a caminho em qualquer coisa que apareça no decorrer da semana. Afinal, a cada dia, Banksy acrescenta outro animal e mantém a sua vocação de polemizar, intrigar e instigar seus espectadores – fãs ou haters.