Lygia Clark em sua primeira grande mostra em galeria pública do Reino Unido

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“O Eu e o Tu” chega ao país como “The I and the You”, com obras da brasileira Lygia Clark ocupando a Whitechapel Gallery

The I and the You marca a primeira grande apresentação em uma galeria pública do Reino Unido das obras da pioneira e influente artista brasileira Lygia Clark (1920–1988, Brasil), que será inaugurada na Whitechapel Gallery em outubro.

A exposição se concentra na jornada artística de Clark desde meados da década de 1950 até o início da década de 1970, um período particularmente volátil na história do Brasil, quando modos radicais de prática artística também surgiram.

Clark foi uma figura central no movimento neoconcreto brasileiro (1959–1961) ao lado de colegas artistas, Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Hélio Oiticica e Lygia Pape (entre outros), que estavam frustrados com o que sentiam serem as limitações da “arte concreta” e sua ênfase na abstração geométrica não figurativa. Artistas neoconcretos, em vez disso, começaram a pressionar por maior experimentação, expressão, cor e sensibilidade poética em suas práticas – assim como propuseram uma mudança na forma como o público poderia participar de obras de arte.

The I and the You revela como a experimentação formal inicial de Clark e o interesse crescente na filosofia da experiência e no potencial terapêutico da arte levaram a um fechamento gradual da lacuna entre a obra e o espectador.

Lygia Clark, Bicho, 1960. Courtesy: © O Mundo de Lygia Clark-Associação Cultural, Rio de Janeiro

Lygia Clark, Bicho, 1960. Courtesy: © O Mundo de Lygia Clark-Associação Cultural, Rio de Janeiro

Panorâmica da produção de Lygia Clark

A exposição abre com uma série de pinturas, estudos e trabalhos em papel. Eles mostram como suas investigações sobre os elementos constitutivos da pintura resultaram em uma abordagem cada vez mais intuitiva em relação à composição. Nessa época, ela também se dedicou a encontrar novas maneiras para que o público (que mais tarde seria chamado de “participante”) interagisse fisicamente com suas obras de arte, continuando seu interesse no relacionamento entre objeto e espectador, interno e externo, o eu e o mundo.

A exposição também apresenta peças da série Bichos – obras inovadoras nascidas de suas investigações sobre superfícies ou planos bidimensionais. Consistindo em formas geométricas unidas por dobradiças ao longo de suas múltiplas interseções, as obras de Bichos foram projetadas para serem manipuladas pelo espectador, tornando-os participantes ativos em uma forma escultural em constante mudança. Réplicas das peças Bichos e outras obras participativas estão incluídas na exposição, permitindo que os visitantes ativem essas obras por meio do toque, interação ou uso — como a artista pretendia originalmente.

“Bichos” é uma assinatura de Lygia Clark: ícone neoconcreto (Adhemar Veneziano/Veja SP)

A última parte de The I and the You apresenta parte do trabalho participativo em grupo de Clark, desenvolvido durante seu tempo em Paris após os protestos de maio de 1968. Tendo fugido do ambiente político cada vez mais repressivo no Brasil, seu trabalho na França, alimentado pelo espírito revolucionário da época e do lugar, buscou transpor os próprios limites da arte explorando a dinâmica de grupo. Essas obras serão ativadas por meio de uma série de performances, que ocorrerão todos os sábados durante a exposição.

Lygia Clark: The I and the You tem curadoria conjunta do acadêmico de arte anglo-brasileiro Michael Asbury; da artista e educadora Sonia Boyce; e da diretora da Whitechapel Gallery, Gilane Tawadros, em estreita colaboração com a Associação Cultural Lygia Clark.

Lygia Clark: The I and the You, 2 de outubro de 2024 – 12 de janeiro de 2025, Whitechapel Gallery

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