O leilão da Coleção de la Cruz foi o único da semana de vendas em Nova York de uma única propriedade

Durante um momento chave no salão de vendas da Christie’s em Nova York, as luzes diminuíram para que a escultura de lâmpadas de Felix Gonzalez-Torres brilhasse pendurada na sala. E este não foi o único momento dramático da noite

• Acompanhe aqui a íntegra dos dois leilões da noite, no canal da Christie’s

No lado positivo, recordes foram estabelecidos para Diane Arbus, Gonzalez-Torres, Reggie Burrows Hodges, Ana Mendieta e Martin Wong. No lado negativo, a venda foi desigual, funcionando como um indicativo de contração do mercado de arte que coincidiu com taxas de juro elevadas e a cautela dos colecionadores, diante dos conflitos em curso estrangeiro.

Noite de gala: vendas de arte contemporânea e da Coleção de la Cruz

A Christie’s realizou duas vendas na mesma noite, uma dedicada a parte do acervo dos colecionadores Carlos e Rosa de la Cruz, a outra à arte contemporânea de forma mais ampla. Ambas sucederam as duas vendas de arte contemporânea na Sotheby’s na noite anterior, que arrecadaram US$ 267,3 milhões, na média da faixa estimada de pré-venda entre US$ 241,8 milhões e US$ 350,4 milhões. No geral, a expectativa de vendas em conjunto das casas de leilão Christie’s, Phillips e Sotheby’s para esta semana era em torno de US$ 1 bilhão.

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O leilão da Coleção de la Cruz era o único desta semana, em Nova York, que apresentava obras de uma única propriedade, o que geralmente tende a ser atraente. Mas parte da excitação em torno do leilão foi ofuscada por uma crise na Christie’s. Na quinta-feira, o site da casa caiu devido ao que chamou de “problema de segurança tecnológica”.

“Talvez você tenha que voltar aos velhos tempos e realmente aparecer para licitar e visualizar os lotes”, disse o consultor de arte de Nova York Ralph De Luca, acrescentando: “Acho que a temperatura do mercado secundário atual poderia tornar possível adquirir obras que são muito difíceis de conseguir no mercado primário pelo preço mais próximo possível do primário (e talvez até abaixo).” Esse resultado foi confirmado.

O lote com maior estimativa da noite – Event (2004–7), de Brice Marden, avaliado em até US$ 50 milhões, foi retirado no último minuto. No entanto, como era uma obra garantida pela Christie’s, a casa agora é dona da tela, que deveria superar o recorde existente de Marden, US$ 30,9 milhões, obtido pela pintura Complements (2004-7) na Christie’s em 2020.

Coleção de la Cruz: oito obras acima de US$ 1 milhão

A noite começou com 45 minutos de negociação dos 26 lotes – dentre as mais de 1.000 obras – da falecida colecionadora e filantropa Rosa de la Cruz. A venda rendeu um total de US$ 28,1 milhões, contra uma estimativa de US$ 25 milhões a US$ 37 milhões. Oito obras – quase um terço delas – foram avaliadas em US$ 1 milhão ou mais. Todas as obras tiveram venda garantida, 17 delas de terceiros.

Embora a venda incluísse artistas contemporâneos como Peter Doig e Glenn Ligon, o mais caro do grupo foi um icônico Gonzalez-Torres, “Untitled” (America #3), que arrecadou US$ 11,5 milhões em uma estimativa de US$ 8 milhões a US$ 12 milhões, superando seu recorde anterior de US$ 7,7 milhões.

Três obras da artista cubano-americana Ana Mendieta foram muito aguardadas. A escultura Untitled (Sandwoman Series / Serie Mujer de Arena), 1983 foi arrematada por US$ 450 mil (US$ 567 mil, com taxas), superando o recorde anterior da artista de US$ 200 mil.

Cerca de 23 das 25 obras da Coleção de la Cruz foram vendidas dentro ou acima das estimativas.

A venda de Arte do Século 21 e um Basquiat de US$ 27,5 milhões

Na sequência, a estimativa baixa para os lotes da venda do século 21, de US$ 104 milhões, foi 5% maior do que em 2023, com 30% mais obras do que a mesma noite do ano passado.

O principal lote da venda do século 21 foi uma pintura do titã do mercado Jean-Michel Basquiat, “The Italian Version of Popeye has no Pork in his Diet” (1982), estimada em cerca de US$ 30 milhões e foi vendida por US$ 27,5 milhões. Com as taxas da casa, a obra custou US$ 32 milhões.

Com as taxas da casa, a venda do Século 21 totalizou US$ 80,3 milhões, com 94% dos lotes oferecidos encontrando compradores e 90% das obras sendo vendidas dentro ou acima da estimativa.