Artistas indígenas recebem os principais Leões de Ouro na Bienal de Veneza

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Com a Bienal de Veneza de 2024 oficialmente aberta ao público, foram anunciados os vencedores dos três Leões de Ouro, selecionados por um corpo de jurados

Os artistas indígenas foram reconhecidos com destaque, com o australiano Archie Moore ganhando o Leão de Ouro pela Participação Nacional e o Mataaho Collective, de Aotearoa, levando para casa o Leão de Ouro por seu trabalho na Exposição Internacional de Arte.

O artista das Primeiras Nações, Archie Moore, que representa a Austrália na 60ª Bienal de Veneza, ganhou o prestigioso Leão de Ouro para o melhor pavilhão, tornando-se o primeiro artista australiano a fazê-lo. As ‘Primeiras Nações’ reconhecem os povos aborígenes e das ilhas do Estreito de Torres como primeiros povos da Austrália, soberanos desta terra.

O coletivo Mataaho, com sede na Nova Zelândia, cujos quatro membros são mulheres de ascendência Māori, recebeu o Leão de Ouro de melhor participante da exposição principal. Os prêmios – cujos vencedores foram determinados por um comitê formado pela crítica Julia Bryan-Wilson; curadores Elena Crippa, María Inés Rodríguez e Alia Swastika; e a artista e historiadora de arte Chika Okeke-Agulu – foram entregues em uma cerimônia realizada em 20 de abril.

Takapau (2022), instalação do Mataaho Collective, um dos Leões de Ouro desta edição da Bienal de Veneza

Mataaho Collective, Takapau (2022) no Arsenale, dentro da exposição “Foreigners Everywhere”. Foto Ben Davis.

Leões de Ouro em reconhecimento a comunidades marginalizadas

A instalação “kith and kin” de Archie Moore no Pavilhão Australiano aborda de forma poderosa os impactos do colonialismo, com um gráfico genealógico desenhado à mão que remonta à 65.000 anos, ligando Kamilaroi, Bigambul, britânicos e herança escocesa. O seu trabalho também destacou o encarceramento desproporcional e a violência institucional contra os povos das Primeiras Nações na Austrália, com pilhas de documentos representando inquéritos sobre mortes de povos indígenas enquanto estavam sob custódia policial.

O Coletivo Mataaho, da Nova Zelândia, foi reconhecido pela instalação na Exposição Internacional, com curadoria de Adriano Pedrosa, “Stranieri Ovunque – Foreigners Everywhere”. Apresentando uma intrincada estrutura tecida, a obra explora as tradições têxteis ancestrais e matrilineares do grupo, lançando padrões de luz hipnotizantes por todo o espaço.

A Bienal também concedeu o Leão de Prata para jovens talentos promissores ao artista e cineasta britânico nigeriano Karimah Ashadu. A pintora palestina Samia Halaby e a artista indígena argentina La Chola Poblete também receberam menções especiais. A instalação de Doruntina Kastrati sobre o trabalho das mulheres nas fábricas da República do Kosovo recebeu uma menção especial nos pavilhões nacionais.

A cerimônia de premiação aconteceu no sábado, 20 de abril, dirigida por um júri internacional liderado por Julia Bryan-Wilson. Com foco na exposição principal, bem como nos pavilhões nacionais, nas perspectivas e narrativas indígenas, os prêmios refletiram o reconhecimento artístico que está finalmente alcançando comunidades que foram marginalizadas em todo o mundo.

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