O escultor Richard Serra é celebrado por seus imensos monumentos de aço enferrujados que já foram insultados e agora são amados pelo público

Dos muitos artistas que rasgaram as regras e redefiniram a escultura na Nova York dos anos 1960, ninguém se destacou tanto quanto Richard Serra. Obras como Splashing, feita no depósito de seu revendedor Leo Castelli, e Casting, exibido no Whitney em 1969, deixaram para trás uma era de abstração mínima e seca.

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Embora muitas das primeiras experiências mais ousadas de Serra tenham sido inevitavelmente perdidas, permanecem grandes monumentos para recordá-lo. O artista morreu aos 85 anos em sua casa em Orient, Nova York, na terça-feira, 26 de março, segundo o New York Times. Atualmente, Serra é reconhecido por construções colossais e curvilíneas que podem ser percorridas, como as de sua série Torqued Ellipse, bem como por seus “desenhos”, grossas massas de giz de cera preto incrustadas no papel.

Richard Serra, Inside Out, 2013. © 2024 Richard Serra/Artists Rights Society (ARS), New York. Photo by Lorenz Kienzle. Courtesy of Gagosian

Visceral e transgressor

Antagonista por natureza, Serra nunca teve a intenção de fazer uma estátua atraente para as pessoas passarem distraidamente. “Estou interessado em criar um espaço comportamental no qual o espectador interaja com a escultura em seu contexto”, disse certa vez.

Ao longo de uma carreira de seis décadas, dividiu os espaços e a opinião pública com esculturas monolíticas que chamaram a atenção mesmo daqueles que prefeririam ignorá-las, desviando os espectadores que se aproximavam para dentro e em torno das suas formas titânicas, normalmente desencadeando uma resposta visceral.

“A emoção induzida pelas esculturas de Richard Serra não vem da sensação de que elas podem desabar a qualquer momento”, escreveu Anthony Byrt para Artforum em 2008. “Isso ocorre devido à maneira delicada como elas permanecem em pé e ao sutil maneira como Serra consegue moldar nossa experiência em torno deles.”

Vista da exposição “Richard Serra: Sculpture”, na David Zwirner New York em 2022. Cortesias David Zwirner

Seis décadas de produção artística

Nascido em São Francisco em 1938, Serra trabalhou em siderúrgicas durante o ensino médio e durante seus estudos na Universidade da Califórnia em Berkeley e Santa Bárbara. Serra frequentou a Yale, originalmente com a intenção de se tornar pintor, antes de mudar para a escultura na década de 1960, após se inspirar em viagens pela Europa. Ao retornar a Nova York, Serra começou a fazer experiências com metal, borracha e fibra de vidro.

Serra rapidamente se tornou sinônimo do movimento minimalista da década de 1970 e conquistou amplo reconhecimento após a instalação do Tilted Arc, uma placa de aço coberta de ferrugem com 36 metros de comprimento e 3,6 metros de altura no Foley Federal Plaza, em Manhattan, em 1981. Em 1989, ela foi removida, após protestos de membros do público que argumentavam em petições que a escultura era um incômodo. Ainda assim, a obra catapultou o nome de Serra para a vanguarda do mundo da arte.

“Richard Serra foi um titã que transformou a própria definição de escultura e desenho”, disse Larry Gagosian, fundador da Gagosian. “Mais do que isso, ele nos mudou, como vemos e sentimos nosso caminho em direção a uma experiência que é elementar e sublime. Ele nos colocou no centro de sua arte. Antes do material, do espaço, do peso e da medida, era com a nossa experiência que ele mais se importava.”

As instalações permanentes em grande escala de Serra podem ser encontradas no Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha, no Museu de Arte Islâmica em Doha, no Catar, e no Parque de Esculturas da Serra, em St.

Serra produziu sua última escultura em aço forjado, 2022. O monólito austero e ascendente foi exibido na David Zwirner em Nova York na primavera de 2022.

“A experiência de expor este trabalho, que para mim pareceu uma espécie de declaração final, é inesquecível”, disse Zwirner. “É difícil dimensionar o que todos estamos perdendo com sua morte.”