Glicéria Tupinambá é a primeira artista indígena a representar o país na exposição solo da Bienal
A Fundação Bienal de São Paulo anunciou a participação brasileira na Bienal de Veneza de 2024, a partir de 24 de abril do ano que vem. O Pavilhão do Brasil será rebatizado para o evento com o nome indígena Pavilhão Hãhãwpuá, de origem Pataxó (“Hãhãw” significa terra; o termo Hãhãwpuá é usado pelos Pataxó para se referirem ao território que, antes da colonização, era conhecido como Brasil).
A renomeação do pavilhão segue a abordagem memorável adotada em 2022 para o Pavilhão Nórdico, um espaço de exposição na Bienal utilizado pela Noruega, Suécia e Finlândia. Para essa edição, o pavilhão foi inteiramente dedicado aos artistas Sámi e renomeado em conformidade.
Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam
A seleção das obras para o pavilhão tem a curadoria de Arissana Pataxó, Denilson Baniwa e Gustavo Caboco Wapichana. A mostra será intitulada “Ka’a Pûera: Nós Somos Pássaros que Andam”, uma referência à capoeira, ave que consegue se disfarçar nas matas queridas pelos Tupinambá. Embora Glicéria seja a artista oficialmente creditada com o pavilhão, ela convidará outras pessoas de sua comunidade para trabalharem nele ao seu lado. Os participantes Tupinambá convidados ainda não foram anunciados.
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Glicéria é a primeira artista indígena com crédito único no pavilhão, mas não é a primeira a expor no Pavilhão Brasileiro. Pelo menos um outro fez isso: Chico da Silva, pintor filho de mãe indígena peruana e pai brasileiro, que apareceu no Pavilhão Brasileiro de 1966.
Pavilhão Hãhãwpuá
Para José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, o novo processo de seleção de projetos para a participação nacional brasileira em Veneza é motivo de celebração: “Desde a última Bienal de Arquitetura de Veneza, estamos aperfeiçoando nossa abordagem na escolha de projetos. O sucesso que nos brindou com nosso primeiro Leão de Ouro nos enche de confiança de que este projeto também será um triunfo. Através da seleção, por um comitê, de propostas apresentadas por diversos curadores, temos a oportunidade de ampliar diálogos e fortalecer a inclusão das vozes que ecoam por todo o nosso país nesta vitrine global da arte contemporânea que é a Bienal de Veneza. Desta vez, o pavilhão será imbuído da visão de curadores e artistas de povos originários, que trazem uma perspectiva urgente para o mundo, ligada ao tema global da edição.”
O Pavilhão Hãhãwpuá faz eco ao que está acontecendo no pavilhão dos Estados Unidos, onde Jeffrey Gibson, membro Mississippi Band of Choctaw Indians e descendente dos Cherokees, se tornará o primeiro artista indígena a representar o país sozinho.