A coleção da falecida colecionadora Emily Fisher Landau, que pode chegar a US$ 500 milhões, representa uma possibilidade muito atraente para ambas as casas de leilões
Enquanto aguardam as sempre bem-sucedidas vendas noturnas de novembro, Christie’s e Sotheby’s estão competindo para garantir o espólio de Emily Fisher Landau, a famosa colecionadora de arte que morreu em março, aos 102 anos.
Qualquer que seja a casa que represente a propriedade de Fisher, espera-se que a coleção – que segundo a ARTnews pode arrecadar entre US$ 375 milhões e US$ 500 milhões – ajude a compensar um primeiro semestre sem brilho nos resultados das vendas.
As três grandes casas de leilões – Sotheby’s, Christie’s e Phillips – apresentaram declínio na média das vendas totais, conforme relatado pelo Artnet Intelligence Report. Até o momento, nem a Christie’s nem a Sotheby’s haviam respondido às perguntas da Artnet News sobre a disputa por esta representação.
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Das joias para as obras de arte
Fisher Landau creditou sua entrada no mundo da coleção de belas artes ao roubo de arte de seu apartamento no Upper East Side em 1969. Os ladrões, disfarçados de reparadores de ar condicionado, fugiram com sua valiosa coleção de joias. Mas em vez de substituir seus diamantes, esmeraldas e rubis, Fisher Landau usou o dinheiro do seguro para iniciar o que se tornaria uma das principais coleções de arte contemporânea dos EUA.
Entre os artistas da coleção estavam Mark Rothko, Georgia O’Keeffe, Cy Twombly e Andy Warhol, que fez um retrato famoso em serigrafia de Fisher Landau.
Acervo, centro de arte e doações
Seu acervo chegou a 1.500 obras, muitas das quais estiveram durante anos expostas ao público no Fisher Landau Center for Art, que ela abriu em uma antiga fábrica de paraquedas em Long Island City, Queens, em 1991. Sofrendo com a doença de Alzheimer anos depois, Fisher Landau fechou o museu privado em 2017.
Influente curadora do Whitney Museum of American Art de Nova York por quase um quarto de século, Fisher Landau fez uma grande doação de 367 obras para a instituição em 2010. Considerado na época um valor de US$ 50 milhões a US$ 75 milhões, o presente incluía obras de Jasper Johns, William Eggleston, Ed Ruscha, Robert Rauschenberg e James Rosenquist, entre outros artistas.
No ano passado, Fisher Landau emprestou obras de nomes como Piet Mondrian, Robert Indiana, Willem de Kooning, Glenn Ligon e Agnes Martin para uma exposição especial no Norton Museum of Art em West Palm Beach, perto de sua casa em Palm Beach.
Novo recorde para Picasso?
Entre os destaques esperados de qualquer leilão de Fisher Landau estará uma grande obra de Pablo Picasso, Femme à la montre (Mulher com relógio), de 1932 – considerado o “annus mirabilis” do artista e até inspirou um show de 2018 na Tate de Londres Moderno.
Duas de suas obras daquele ano chegaram a leilão nos últimos anos, com Femme nue couchée sendo vendida por US$ 67,5 milhões na Sotheby’s de Nova York em 2022, e Femme assise près d’une fenêtre (Marie-Thérèse), de 1932, que arrecadou US$ 103,4 milhões na Christie’s de Nova York em 2021.