Testemunha das mudanças do mercado de arte desde 1983, o negociante Thaddaeus Ropac celebra uma vida dedicada à arte com a exposição 1983 | 2023, apresentando obras históricas e inéditas

Em 1982, o negociante de arte austríaco Thaddaeus Ropac tinha 20 e poucos anos e ainda procurava uma direção. Embora não tivesse vínculos com o mundo da arte, conseguiu um emprego instalando 7000 Oaks, uma obra do artista conceitual alemão Joseph Beuys que envolvia o plantio dos referidos carvalhos, para a sétima edição da Documenta em Kassel. Para Ropac, a proximidade com Beuys, cujo trabalho inebriante há muito atraiu seguidores cult, foi transformadora. Ropac olhou para o trabalho de Beuys como um guia para os tipos de artistas que ele queria seguir.

Um ano depois, em 1983, Ropac decidiu lançar sua própria galeria em Salzburgo, localizada, segundo ele, “no lado errado da cidade”. Embora fervilhasse no verão – época em que outras partes da Europa fechavam para a temporada – a cidade austríaca não era focada em arte.

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Agora, aos 63 anos, Ropac não está com saudades dos velhos tempos. Ele está mais interessado em responder à perguntas maiores sobre como continuar a servir os artistas que cultiva há quatro décadas. Ele repensa como promover artistas em um mercado que se tornou um gigante desde que ele entrou pela primeira vez. Embora Ropac tenha contratado e mantido alguns dos nomes mais proeminentes do jogo, ele disse que o alcance de sua lista é um produto do instinto, e não do cálculo.

1983 | 2023

No ano que marca o seu 40º aniversário, a galeria apresenta uma exposição abrangendo ambas as localidades de Salzburgo, com obras históricas de 1983 em paralelo à obras atuais, criadas especificamente para esta ocasião. As duas seções destacam o ímpeto artístico dos anos de formação e refletem a evolução contínua do programa da galeria.

A década de 1980 marcou uma era artística transformadora, consideravelmente moldada pelo diálogo entre a arte contemporânea americana e europeia, e as primeiras exposições no Thaddaeus Ropac Salzburg refletiram a atmosfera dinâmica e a variada gama de práticas artísticas desse período.

Durante seus primeiros anos, a galeria estabeleceu um programa de exposições com artistas da língua alemã, além de apresentar um grupo de artistas americanos, incluindo Robert Rauschenberg, James Rosenquist, Alex Katz, Joseph Kosuth e Elaine Sturtevant. As primeiras exposições em Salzburgo também apresentaram artistas jovens e emergentes como Jean-Michel Basquiat e Keith Haring, que sinalizaram uma nova direção na arte contemporânea.

A atmosfera carregada deste período é incorporada por grandes obras dos anos de fundação da galeria, trazidas de volta a Salzburgo para esta exposição de aniversário. A seleção histórica dialoga com o programa atual da galeria. Artistas cuja prática moldou a história da galeria ao longo das décadas seguintes também foram convidados a apresentar novos trabalhos para a exposição, incluindo Tony Cragg, Sylvie Fleury, Adrian Ghenie, Lee Bul, Daniel Richter, Sean Scully, Imran Qureshi e muitos mais.

Multifacetada e multigeracional, a exposição reúne obras que abrangem uma variedade de mídias, cada uma oferecendo uma visão ou perspectiva única sobre nossa era atual, ecoando a experiência vivida e as realidades de hoje.

Exibidas lado a lado, as obras dos dois marcos dos 40 anos de história da galeria formam uma continuidade que sugere um olhar para frente, para o que ainda está por vir.