Cildo Meireles receberá maior prêmio de arte da Europa

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O artista brasileiro, que levará um prêmio de US$ 174 mil, é o primeiro latino-americano a ganhar o prêmio em seus 22 anos de história

O artista brasileiro Cildo Meireles é o vencedor do Roswitha Haftmann Prize, prêmio de arte europeu com a maior bolsa oferecida no continente: 150.000 francos suíços (pouco mais de US$ 174 mil).

O prêmio leva o nome de Roswitha Haftmann, uma negociante suíça cuja galeria em Zurique funcionou até sua morte em 1998. O prêmio, oferecido pela sua fundação, é concedido regularmente a artistas vivos.

Geralmente, os artistas premiados tendem a ser já reconhecidos por sua trajetória. É o caso de Gülsün Karamustafa, vencedor de 2021, que acabou de ser anunciado para se apresentar no Pavilhão da Turquia da Bienal de Veneza em 2024. Já a vencedora de 2019, Valie Export, é considerada uma das artistas feministas mais importantes de todos os tempos. Outros vencedores anteriores incluem Cindy Sherman, Carl Andre, Pierre Huyghe e Maria Lassnig.

Inserções em circuitos ideológicos: Projeto Coca-Cola, Cildo Meireles, 1970

Inserções em circuitos ideológicos: Projeto Coca-Cola, Cildo Meireles, 1970

Obras de impacto estético e político

Meireles, que nasceu no Rio de Janeiro em 1948 e continua trabalhando e morando na cidade, é o primeiro artista latino-americano a ganhar o prêmio em seus 22 anos de história.

Ele é conhecido por projetos como “Inserções em Circuitos Ideológicos”, uma série de obras escultóricas da década de 1970 em que Meireles criou objetos que lembravam garrafas de Coca-Cola, cédulas e muito mais, com a única diferença de que suas versões continham mensagens anticapitalistas e anticolonialistas. Essas obras e muitas outras de sua autoria são explicitamente críticas ao Brasil e seus políticos.

Nas décadas seguintes, o artista criou instalações escultóricas de grande porte, entre elas Babel (2001), uma torre de televisores que reproduzem a programação de vários canais em diferentes idiomas.

Yilmaz Dziewior, diretor do Museu Ludwig em Colônia e membro do conselho da Fundação Roswitha Haftmann, disse em um comunicado: “O júri ficou impressionado com o talento excepcional do artista em envolver seu público intelectual e emocionalmente com obras politicamente carregadas e esteticamente fascinantes”.

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