Bienal de Veneza 2024 celebrará as diásporas sob o título ‘Foreigners Everywhere’

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O primeiro curador latino-americano da mostra revelou o conceito de sua próxima edição

Adriano Pedrosa, curador da Bienal de Veneza de 2024, esboçou sua visão para a 60ª Exposição Internacional de Arte no próximo ano (20 de abril a 24 de novembro de 2024). Intitulada Foreigners Everywhere, a exposição em Veneza vai se concentrar em “artistas que são eles próprios estrangeiros, imigrantes, expatriados, diaspóricos, emigrados, exilados e refugiados”.

A ideia do straniero – estrangeiro ou forasteiro – é parte integrante de seu conceito curatorial, referindo-se ao “artista queer, que se moveu em diferentes sexualidades e gêneros, muitas vezes sendo perseguido ou banido; o artista outsider, que se situa à margem do mundo da arte, assim como o autodidata e o chamado artista popular; ou como o artista indígena, frequentemente tratado como estrangeiro em sua própria terra”.

Pedrosa, que foi nomeado curador no final do ano passado, diz que sua mostra também refletirá questões econômicas e sociopolíticas. “O pano de fundo do trabalho é um mundo repleto de múltiplas crises relativas ao movimento e existência de pessoas entre países, nações, territórios e fronteiras, que refletem os perigos e armadilhas da linguagem, tradução e etnia, expressando diferenças e disparidades condicionadas pela identidade, nacionalidade, raça, gênero, sexualidade, riqueza e liberdade”, acrescenta.

Pedrosa destacou que a Bienal contará com um “Nucleo Storico”, uma seção composta por obras de artistas do século 20 da América Latina, África, mundo árabe e Ásia. Uma seção especial no “Nucleo Storico” será dedicada à diáspora artística italiana em todo o mundo no século XX.

Turistas e moradores entram no Pavilhão Central da Bienal de Veneza durante a 59ª Exposição Internacional de Arte, no ano de 2022. Foto: Stefano Mazzola/Getty Images

Turistas e moradores entram no Pavilhão Central da Bienal de Veneza durante a 59ª Exposição Internacional de Arte, no ano de 2022. Foto: Stefano Mazzola/Getty Images

“[Estes são] artistas italianos que viajaram e se mudaram para o exterior desenvolvendo suas carreiras na África, Ásia, América Latina, bem como no resto da Europa, incorporados às culturas locais – e que muitas vezes desempenharam papéis significativos no desenvolvimento das narrativas do modernismo além da Itália”, disse ele.

Roberto Cicutto, presidente da Bienal de Veneza, lembrou que “nunca houve um curador de um país latino-americano”. Adriano Pedrosa é brasileiro e atua como diretor do MASP.

“Sempre houve uma participação significativa de artistas sul-americanos na Bienal. Mas é muito diferente quando são convidados por um curador que tem raízes na mesma cultura e desenvolveu uma visão global ao longo dos anos”, disse Cicutto. “Este não é apenas um ponto de vista estético, mas também geográfico, assim como no filme, quando você faz um contracampo da mesma cena.”

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