Ao longo de todos estes anos, nosso portal vem destacando o trabalho de artistas que admiramos e acompanhamos de perto a trajetória. Desta vez, escolhemos Gunther Uecker como um artista para manter em nosso radar

Figura central do Grupo Zero do pós-guerra de Düsseldorf, Günther Uecker desenvolveu por seis décadas seus relevos formados por dinâmicos arranjos de pregos. Nascido em 13 de março de 1930 em Wendorf, na Alemanha, ele cresceu durante a Segunda Guerra Mundial e testemunhou os horrores do conflito. Uecker estudou na Kunsthochschule Berlin Weissensee e na Kunstakademie em Düsseldorf, onde vive e trabalha até hoje. 

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Na década de 1950, influenciado pela filosofia oriental e pelo canto gregoriano, iniciou um ritual de martelar pregos. Esses materiais significam proteção e criação para o artista, que se lembra de pregar tábuas nas janelas de sua casa para deter as tropas soviéticas após a Segunda Guerra Mundial. Em 1957, ele estava martelando pregos na tela para obter um efeito óptico de ‘relógio de sol’, projetando luz e sombra em padrões efêmeros. Logo, ele integrou caixas de luz, discos giratórios, aparelhos de televisão e cadeiras (Stuhl, 1963) em suas nail sculptures. 

Günther Uecker, Düsseldorf 2011, retrato de Oliver Mark

Martelando densos agrupamentos de pregos em painéis e outros objetos, ele criou relevos que transitam entre a pintura e a escultura, e que estabelecem novos domínios para a exploração visual, onde os padrões de superfície, luz e sombra são complexos e imprevisíveis. 

Em 1961, Uecker juntou-se a Heinz Mack e Otto Piene no movimento antiexpressionista Grupo Zero, que priorizava a expansão além das dimensões tradicionais da tela para os reinos cinético, serial e participativo. Após a dissolução do grupo em 1966, o trabalho de Uecker incorporou aspectos da arte conceitual e land art; ele também começou a projetar cenários para óperas.  

“Meus objetos são uma realidade espacial, uma zona de luz. Utilizo meios mecânicos para superar o gesto subjetivo, para objetivar, para criar uma situação de liberdade.” — Günther Uecker 

Desde a década de 1980, ele se posicionou sobre questões políticas, como sua série “imagens de cinzas”, resultado de sua reação diante o desastre de Chernobyl. Outras referências políticas podem ser encontradas em seu trabalho sobre o Iraque, além da abordagem de questões ambientais, entre outras. 

Vista da exposição de Uecker em Londres (2021) na Levy Gorvy, galeria que representa o artista

Entre suas obras públicas estão From Darkness to Light nas Nações Unidas, Genebra (1978) e uma Reflection and Prayer Room for the Reichstag, Berlim (2000). Em 2020, ele embarcou em sua série Lichtbogen, pinturas minimalistas de radiantes arcos azuis e brancos. 

Uecker é conhecido sobretudo por suas esculturas e instalações que usam objetos comuns como pregos, lâmpadas e cordas, transformando-os em obras de arte que convidam o espectador a interagir e participar da obra. Suas esculturas e instalações foram exibidas em todo o mundo, incluindo no MoMA em Nova York e na Tate Modern em Londres. 

Seu trabalho tem sido objeto de exposições individuais em museus em todo o mundo. Retrospectivas de sua obra foram organizadas pela Casa Central dos Artistas, Moscou (1988) e Kunsthalle München (1993), e participou da Documenta (1964, 1968, 1977) e da Bienal de Veneza de 1970. Seu trabalho integra coleções como o Art Institute of Chicago; Museu de Arte Contemporânea, Los Angeles; Museu Solomon R. Guggenheim e Museu de Arte Moderna, Nova York; Walker Art Center, Minneapolis; Hambúrguer Bahnhof, Berlim; Museu Ludwig, Colônia; Centro Pompidou, Paris; Museu Stedelijk, Amsterdã; e Tate Modern, Londres. Entre suas muitas honrarias estão o Pour le Mérite for Sciences and Arts (2000) e o Staatspreis des Landes Nordrhein-Westfalen (2015). 

Spirale I, Spirale II (Doppelspirale)

Duas de suas três obras mais caras em leilões foram vendidas na Christie’s: Spirale I, Spirale II (Doppelspirale), de 1997, foi vendida por GBP 2,629,000 em 2017. Em 2015, sua obra Inseln (Island), datada de 1964, foi arrematada por GBP 722,500. Em 2021, a Sotheby’s vendeu Weisses Feld (1972) por 1,948,500 de euros.

Segundo o portal Artsy, nos últimos 36 meses (março de 2020 a março de 2023) Uecker teve 23 obras vendidas em leilão, com uma taxa de venda de 76,5% de lotes. Seus preços, atualmente, estão em alta de 59%.