Organizada pela Fundação Cartier, a poderosa mostra de Claudia Andujar é instigante e de cores saturadas, apresentando um vislumbre revelador da comunidade da Amazônia
“The Yanomami Struggle”, que estreou recentemente no Shed em Nova York, enfoca os povos indígenas da Amazônia e sua luta contínua pela sobrevivência. Sua situação é uma história universal e uma meditação inabalável sobre a condição humana – tanto suas virtudes quanto suas profundezas mais depravadas – e os ciclos de destruição que nos definem. No coração da mostra está o poder da arte de transcender, mas também suas limitações. A mostra vai até 16 de abril e é apresentada pela Fondation Cartier pour l’art contemporain.
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A fotógrafa Claudia Andujar, de 91 anos, vem registrando essa saga comovente há mais de 50 anos. Suas imagens notáveis, quase 200 delas, são o foco da exposição. A mostra se abre com uma janela para o paraíso, os Yanomami em seu mundo – sem influência externa. Às vezes, as imagens saturadas de cores parecem de outro mundo. Ela começou a documentar os Yanomami em 1971 como fotojornalista, mas muito antes disso já se interessava pela pintura abstrata.
Suas técnicas desviaram-se drasticamente da reportagem quando ela começou a utilizar filme infravermelho e filtros coloridos, até mesmo passando vaselina em suas lentes para imbuir suas imagens com a sensação do estado de espírito Yanomami.
“Ela tinha que representar coisas que eram invisíveis”, disse Thyago Nogueira, Diretor de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles, São Paulo, que fez a curadoria da mostra. “Ela usou todas as técnicas disponíveis para criar uma nova realidade a partir do que estava aprendendo, para tornar visível o que não era visível. Foi uma longa busca, quanto mais ela aprendeu sobre sua visão cósmica e espiritualidade.”
Depois de passar pela parte paradisíaca da exposição (que também apresenta vídeos impressionantes feitos pelo cineasta Yanomami Morzaniel Ɨramari), há uma galeria de obras de arte Yanomami. Há também obras de Sheroanawe Hakihiwe, especialista em retratar a “memória oral” de seu povo e que representou a Venezuela na Bienal de Veneza de 2022.
“Esta não é apenas uma história sobre algo que está acontecendo no meio da Amazônia”, disse Thyago Nogueira. “Esta é uma luta pelo respeito à diversidade humana. Esta é uma luta por justiça social que corresponde à nossa própria sobrevivência e à sobrevivência de outros povos indígenas em todo o mundo”.