Ruangrupa encabeça a edição de 2022 do ArtReview’s Power 100

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A lista deste ano reflete o pensamento de que o poder não cabe mais apenas àqueles que estão no topo de suas respectivas hierarquias, mas também àqueles que chacoalham a forma usual de fazer as coisas

O coletivo indonésio ruangrupa lidera o 21º ArtReview Power 100. Fundado por artistas em Jacarta em 2000, o ruangrupa é o primeiro curador da Ásia na Documenta, considerada por muitos como a exposição recorrente mais importante no calendário global de arte contemporânea. É a primeira vez que um coletivo de artistas ocupa a primeira posição da lista, assim como a primeira vez que um grupo de artistas dirige a Documenta.

Neste período em que muitos aspectos do mundo da arte – feiras de arte, leilões e a abertura de novas sedes de megagalerias pelo mundo – pareciam simplesmente voltar ao normal pré-pandêmico, o ruangrupa rompeu com velhos modelos ao criar uma exposição que destacava a prática coletiva ao invés da prática individual, propunha o networking como parte essencial do mundo da arte e introduzia uma abordagem de código aberto para a produção artística. Privilegiando a construção de comunidades em vez de reputações individuais, a Documenta contou com o trabalho de mais de 1.500 indivíduos (resultado dos próprios participantes convidando outros artistas), mas não foi isenta de polêmica. Toda controvérsia gerada indicou como a Documenta de ruangrupa testou as normas institucionais do mundo da arte europeu, colocando em questão sua capacidade de se adaptar a ideias e práticas de trabalho não europeias.

Cecilia Alemani (2) provou ser uma influência disruptiva no outro grande evento de arte deste ano, a Bienal de Veneza, que incluiu apenas 22 homens entre os 213 participantes. Enquanto isso, a fotógrafa Nan Goldin (8) instigou notavelmente uma profunda mudança na ética do patrocínio de museus. É o tipo de postura política sensata que Hito Steyerl (4), o artista individual mais bem colocado, há muito defende. Enquanto isso, o coletivo Forensic Architecture (25) continua expandindo o papel da arte na sociedade para além do espaço expositivo por meio de suas investigações judiciais sobre crimes sociais e ambientais; os artistas Zanele Muholi (28) e Ibrahim Mahama (47), e o coletivo blaxTARLINES (98, que conta com Mahama como membro) têm usado seu sucesso para fortalecer a infraestrutura de base na África do Sul e Gana, respectivamente.

O Power 100 é moldado pela contribuição de mais de 30 membros e colaboradores de todo o mundo, que consideram três critérios de inclusão: os presentes na lista devem ter estado ativos nos últimos 12 meses; suas atuações devem moldar os desenvolvimentos atuais da arte; e seu impacto pode ser considerado global e não local.

A lista tem sido vista como o registro de como a mudança em uma parte do mundo da arte afeta outras mudanças: o arquiteto David Adjaye retorna à lista (78), reconhecido por uma prática de design que vai além de fornecer espaço no qual outros programam, para uma abordagem mais aprofundada da construção de museus, ligada a questões de reparações e identidade negra; o poeta Fred Moten (5) e o acadêmico Saidiya Hartman (38) inspiraram uma geração de artistas em seu desvendamento de histórias raciais, com as ganhadoras do Leão de Ouro Simone Leigh (7) e Sonia Boyce (33) se juntando a Carrie Mae Weems (22) e Otobong Nkanga (81) na lista.

Artistas, curadores e pensadores que lidam com ideias indígenas aparecem ao longo da lista, do Karrabing Film Collective (21) ao artista Brook Andrew (41) e à curadora Clothilde Bullen (100). Aqueles que defendem um melhor equilíbrio entre a humanidade e a natureza em oposição ao capitalismo global contemporâneo – um tema importante na produção artística atual – incluem as pensadoras Anna L. Tsing (13), Donna Haraway (16) e Judith Butler (37), as artistas Cecilia Vicuña (29) e Anicka Yi (57), e a curadora Lucia Pietroiusti (90).

O brasileiro Adriano Pedrosa está na posição 59 do Power 100

O brasileiro Adriano Pedrosa está na posição 59 do Power 100

O brasileiro Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, volta à lista sete anos depois da sua última inclusão, ocupando agora o 59º lugar.

Confira os 10 primeiros lugares deste  ArtReview’s Power 100:

  1. ruangrupa, coletivo de Jakarta, responsável pela curadoria da Documenta
  2. Cecilia Alemani, curadora, Diretora Artística da 59ª Bienal de Veneza
  3. Unions, movimento ativista responsável pela Ação coletiva entre artistas e trabalhadores de museus
  4. Hito Steyerl, artista, por suas declarações políticas e experimentação formal
  5. Fred Moten, pensador, poeta, crítico e teórico americano que inspirou uma geração de artistas
  6. Wolfgang Tillman, artista – Fotógrafo célebre assumindo o manto de um velho estadista da arte
  7. Simone Leigh, artista, escultora e ganhadora do Leão de Ouro na Bienal de Veneza deste ano
  8. Nan Goldin, artista, fotógrafa lendária, ativista e tema de um documentário de longa metragem
  9. David Zwirner, galerista, líder de um império de galerias em expansão em Nova York, Londres, Paris e Hong Kong
  10. Darren Walker, filantropo, Presidente da Fundação Ford
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