Murakami acrescenta talento aos processo em uma exibição conscientemente desordenada
Na “Super-Rough”, exposição de escultura apresentada pela Outsider Art Fair e com curadoria do artista japonês Takashi Murakami, os materiais vêm em primeiro lugar. Em seu título para o programa, Murakami reconhece seu espírito quase diametralmente oposto ao Superflat, movimento de arte pop do século 21 – do qual Murakami é o principal teórico e praticante – influenciado pela cultura de consumo do Japão pós-guerra.
Artistas superflat refletem e se apropriam da estética de nossos mundos mediados, na esperança de subvertê-los; os artistas em “Super-Rough” mergulham no essencial com formas desanuviadas por olhares mediados.
Não há nada nesta exposição que nos lembre da hiperrealidade da tela, ou das superfícies escorregadias dos bens de consumo. Os corpos humanos e animais são reinventados de maneiras que às vezes são perturbadoras, mas nunca menos do que surpreendentes. Materiais encontrados, de botões e bonecos a madeira, arame, cola e fios, são reaproveitados para um efeito extraordinário.
Entre as obras expostas estão trajes do artista brasileiro Raimundo Borges Falcão (desconhecido – final dos anos 1940). O artistas passava o ano todo coletando materiais para sua fantasia de carnaval. Pedaços de tecido encontrados eram cuidadosamente costurados junto a conchas, contas, colares e papel para fazer seus cocares, leques e roupas. Esses trajes frequentemente fazem referência a Yemanjá, a deusa ioruba dos oceanos, que às vezes é chamada de “Mãe das Águas”. As obras de Falcão não podem ser vistas apenas como arte em tecido, mas como altares cobertos de oferendas.
“Super-Rough”, com obras selecionadas por Takashi Murakami em colaboração com os galeristas da Outsider Art Fair, está atualmente em exibição até 27 de junho, em Nova York.