O que está impulsionando o boom de leilões em Hong Kong?

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Os dados da Artnet ajudam a configurar as respostas

O mês de abril deste ano foi muito bom para o mercado de arte chinês. O país vendeu US$ 470 milhões em obras de arte em leilões, um aumento colossal de 12.062% em relação ao mesmo mês de 2020, em meio a pandemia, e 78,6% em relação a abril de 2019.

Esses números são particularmente encorajadores à medida que a região se encaminha para seu próximo grande teste: o retorno da Art Basel Hong Kong e as vendas da Christie’s de arte dos séculos 20 e 21 no final de maio.

Uma análise mais detalhada dos números fornece uma visão para exatamente quais segmentos do mercado são mais dinâmicos em Hong Kong – e onde estão as maiores oportunidades. Confira:

  • Os dados da Artnet – que incluem as vendas de leilões em Hong Kong e na China continental – mostram que o topo do mercado está crescendo mais rapidamente. Em abril de 2019, apenas dois lotes foram vendidos por US$ 10 milhões ou mais na China; esse número quintuplicou, para 10, em abril de 2021;
  • Obras com preço de mais de US$ 10 milhões representaram a maior fatia do mercado no mês passado na China, arrecadando US $ 172 milhões. Os artistas que se enquadraram nessa categoria incluem pintores chineses com apelo cruzado do Ocidente, como Chu Teh-Chun e Zao Wou-Ki, bem como artistas ocidentais blue-chip como Pablo Picasso, Gerhard Richter e Clyfford Still;
  • Outros setores do mercado também apresentaram crescimento. As vendas na faixa de preço de US$100.000 a US$ 1 milhão, bem como na faixa de US$ 1 milhão a $ 10 milhões, aumentaram aproximadamente 35% cada em comparação com abril de 2019. Ambos os segmentos tendem a atrair compradores que são mais novos no mercado e mais jovem do que aqueles ativos no escalão superior, de acordo com insiders do mundo da arte.

Porque isto esta acontecendo agora?

  • Há duas explicações, uma macro e outra logística. Primeiro, a macro: pessoas ricas ficaram um pouco mais ricas no ano passado. Só a China cunhou mais de 250 bilionários em 2020 – cerca de cinco por semana – elevando o seu total para 878, de acordo com o rastreador de riqueza Hurun Rich List (os EUA abrigam cerca de 650);
  • Agora, a explicação logística: a Sotheby’s transferiu suas principais vendas em Hong Kong de março para abril deste ano, o que é um grande motivo para abril de 2021 ter superado tão facilmente abril de 2019. Mas, independentemente do momento, a série de vendas da Sotheby’s em Hong Kong ainda estava em alta de 2019, quando arrecadou US$ 482 milhões em comparação aos US$ 496 milhões deste ano.

O que isso nos diz sobre a direção do mercado?

  • O melhor lugar para vender grandes obras-primas ainda pode ser os Estados Unidos, como evidenciado pelo sólido desempenho dos leilões noturnos de maio na Christie’s e Sotheby’s em Nova York. Mas, abaixo da superfície, podemos sentir algumas placas tectônicas se deslocando, com mais consignadores e compradores demonstrando disposição para realizar transações na Ásia no mais alto nível;
  • O relatório mostrou que, ao longo do ano passado, os compradores asiáticos mais jovens interessados ​​em novos nomes internacionais começaram a ter um grande efeito cascata no mercado. Mas não exclua seus pais ainda: a arte blue-chip, que tende a atrair uma geração mais velha, ainda carrega os maiores preços no negócio, mesmo que possa haver uma demanda menor por ela;

De olho no futuro, podemos aguardar a série de vendas da Christie’s em Hong Kong, entre 20 a 28 de maio – para comparar então qual das gerações está disposta a gastar mais em arte.

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