Pace Gallery é a idealizadora do projeto, que visa capitalizar a ascensão de obras de arte imersivas vendendo ingressos ao invés de objetos
O novo centro de arte, conhecido como Superblue, não venderá pinturas ou esculturas. Ao invés disso, a empresa vai gerar receita através da venda de ingressos e será um espaço dedicado a obras de arte imersivas e experimentais, criadas na intersecção da tecnologia com a arte contemporânea.
“Este é um trabalho de várias bases: arquitetura, teatro, engenharia, design, arte”, diz Mollie Dent Brocklehurst, diretora de criação da Superblue, que originalmente fundou o projeto como PaceX ao lado do presidente e executivo-chefe da Pace, Marc Glimcher, em 2019, como um caminho de fusão da produção de arte com a tecnologia.
A Superblue vai ocupar um edifício de 4.650m² em Miami – uma estrutura industrial abandonada, situada em frente ao Museu Rubell, no distrito de Allapattah – onde obras de vários artistas serão exibidas simultaneamente e por períodos de cerca de 18 meses. Mas, diferentemente do Rubell, cujos ingressos custam US$ 12, vai cobrar até US$ 40 por entrada. Este será apenas o primeiro de vários centros de arte experimental (EACs) planejados como parte da empresa recém-formada.
Batizada após o movimento artístico Blue Rider, do início do século XX, a nova empresa está claramente repensando o que significa ser vanguarda. Os nomes no rol da Superblue incluem o estilista britânico Es Devlin, que desenhou para as sensacionais turnês de Beyonce e Coldplay e inúmeras produções teatrais de Londres; e Nick Cave, cujos cavalos humanos dançavam pela Grand Central Station em Nova York em 2013, como parte de uma peça chamada Heard. Também incluída na lista de instalações futuras está Franchise Freedom, dos designers holandeses do Studio Drift, cujo enxame de drones coreografado recebeu ótimas críticas quando foi lançado no céu durante a Art Basel Miami Beach de 2018 e no Burning Man no ano seguinte, assim como obras de artistas como Leo Villareal e o veterano da Pace, James Turrell.
“Tem sido difícil descobrir como apoiar esse tipo de trabalho, a favor dos artistas, até agora”, disse Dent-Brocklehurst, que teve alguns insights sobre monetização através do coletivo japonês teamLab, criadores de produções imersivas que agradam a todos. O TeamLab fez parceria com uma empresa imobiliária em Tóquio para criar duas exposições permanentes, onde a entrada custa 3200 ienes e atrai 3,5 milhões de visitantes por ano. Em Miami, o lucro será distribuído entre os artistas em exibição.
Superblue reflete uma tendência contínua, embora um tanto controversa, do consumidor em direção a experiências, especialmente entre as gerações mais jovens. “A definição de sucesso não precisa ser apenas a agregação de objetos, mas a experiência e a comunidade compartilhadas”, pondera Dent-Brocklehurst.
Tendo em mente a natureza teatral de grande parte dos trabalhos que a Superblue apoiará, talvez seja apropriado que seu executivo-chefe recentemente nomeado seja Christy MacLear, ex-Fundação Rauschenberg, cujo arquivo abrangeu uma ampla gama de trabalhos, incluindo performances, e a diretora-chefe Marcy Davis venha do Cirque du Soleil. Quando se leva em conta as longas filas para as Infinity Rooms de Yayaoi Kusama e da Rain Room, da Random International, onde quer que elas sejam exibidas, é provável que a Superblue seja uma boa ideia.