Por mais de cinco décadas, a artista dedica sua vida a fotografar e proteger os Yanomami, um dos maiores grupos indígenas do Brasil
A Fondation Cartier pour l’art contemporain retoma suas atividades em junho com a maior exposição dedicada ao trabalho de Claudia Andujar até hoje.
Com base em quatro anos de pesquisa no arquivo da fotógrafa, esta nova exposição, com a curadoria de Thyago Nogueira, do Instituto Moreira Salles, focará em seu trabalho ao longo de sua trajetória, reunindo mais de duzentas fotografias e uma série de desenhos Yanomami, além da instalação audiovisual Genocídio dos Yanomami: Morte do Brasil.
A exposição explorará a extraordinária contribuição de Claudia Andujar para a arte da fotografia, bem como seu papel principal como ativista de direitos humanos na defesa dos Yanomami. É dividida em duas seções, refletindo a natureza dupla de uma carreira comprometida com a estética e o ativismo.
A primeira seção apresenta as fotografias de seus primeiros sete anos vivendo com os Yanomami, mostrando como ela lidou com os desafios de interpretar visualmente uma cultura complexa. A segunda apresenta o trabalho que ela produziu durante seu período de ativismo, quando começou a usar sua fotografia como uma ferramenta, entre outras, para mudanças políticas.
Claudia Andujar nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 1931 e atualmente vive e trabalha em São Paulo. Ela cresceu na Transilvânia, que na época havia sido incorporada à Romênia, após anos de domínio húngaro. Durante a Segunda Guerra Mundial, o pai de Claudia, um judeu húngaro, foi deportado para Dachau, onde foi morto. Claudia fugiu com a mãe para a Suíça, imigrou primeiro para os Estados Unidos em 1946, depois para o Brasil em 1955, onde iniciou uma carreira como fotojornalista.
Claudia Andujar conheceu os Yanomami em 1971, enquanto trabalhava em um artigo sobre a Amazônia para a revista Realidade. Fascinada com a cultura dessa comunidade isolada, ela decidiu embarcar em um ensaio fotográfico aprofundado em sua vida cotidiana, depois de receber uma bolsa de estudos do Guggenheim para apoiar o projeto.
Depois de anos fotografando os Yanomami, Claudia Andujar sentiu que era importante proporcionar a eles a oportunidade de representar suas próprias concepções da natureza e do universo. Assim, ela iniciou um projeto de desenho, equipando os membros da comunidade com marcadores e papel. Uma seleção desses desenhos representando mitos, rituais e visões xamânicas dos Yanomami será apresentada na exposição, ao lado de suas fotografias.