Carta de Van Gogh e Gauguin a um amigo em comum é vendida por 210 mil euros

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A carta em conjunto foi enviada, em novembro de 1888, ao amigo e pintor Emile Bernard

Escrita em conjunto por Vincent Van Gogh e Paul Gauguin, a carta onde falam de suas visitas a bordéis e compartilham sua admiração mútua, foi vendida por € 210,6 mil, cerca de R$ 1,2 milhão, nesta terça (16), em um leilão em Paris.

A carta menciona como eles queriam reviver a arte moderna e criar uma “associação de pintores” e foi assinada pelos dois pintores. Enviada a Arles, para o amigo pintor Emile Bernard, está datada de 1 de novembro de 1888, menos de dois anos antes da morte de Van Gogh, aos 37 anos.

Gauguin chegou a Arles, onde Van Gogh estava morando, em 23 de outubro de 1888, e os dois passaram vários meses tempestuosos pintando juntos. Foi durante a fatídica visita que Van Gogh perdeu o ouvido, apresentando-o a uma empregada de bordel. O incidente terminou efetivamente seu relacionamento muitas vezes tenso com Gauguin.



Na carta, vendida pela Aristophil Collections nas salas de leilões Drouot em Paris, os dois homens insistiam que a arte estava avançando em direção ao que Van Gogh chamou de “um imenso renascimento”. O holandês também escreve sobre seu visitante e suas escapadas.

“Gauguin me interessa muito como homem”, disse ele. “Parece-me há muito tempo que, em nossa profissão suja de pintor, temos maior necessidade de pessoas com mãos e estômagos de trabalhadores, com gostos mais naturais, temperamentos mais carinhosos e caridosos do que o bulevar parisiense decadente e exausto”.

Ele descreve Gauguin como “um ser virgem com instintos de animais selvagens. Em Gauguin, sangue e sexo prevalecem sobre a ambição”.

“Temos ido a bordéis e é provável que comecemos a ir trabalhar para lá várias vezes”.

Van Gogh entrega a caneta na última página a Gauguin, que teria uma venda bem-sucedida de pinturas em Drouot em 1891. “Não dê ouvidos a Vincent”, escreveu ele. “Como você sabe, ele é fácil de impressionar”.
Quanto a “sua ideia sobre o futuro de uma nova geração nos trópicos como pintor”, “parece absolutamente certo para mim e continuo pretendendo retornar a ela”.

Gauguin cumpriu a ideia dos “trópicos” indo morar na Polinésia Francesa, onde morreu em 1903, aos 54 anos.

A carta foi comprada pela Fundanção Vincent Van Gogh, que pretende mostrar suas páginas no museu dedicado a Van Gogh que administra em Amsterdã.

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