O artista foi responsável pela transformação de paisagens ao redor do mundo com obras públicas monumentais e ambiciosas

O artista búlgaro, que cativou o público em todo o mundo por mais de cinco décadas, com enormes instalações de arte pública, morreu. Um representante do estúdio do artista disse que estava em sua casa na cidade de Nova York quando morreu de causas naturais, no dia 31 de maio de 2020.

Christo sobre a obra The Floating Piers, 2016. Foto de Wolfgang Volz. Cortesia do artista.

“Christo viveu sua vida ao máximo, não apenas sonhando com o que parecia impossível, mas realizando isso”, dizia a declaração do estúdio. Juntamente com sua falecida esposa e colaboradora, Jeanne-Claude, Christo criou obras de arte que “aproximavam as pessoas em experiências compartilhadas em todo o mundo”.

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A notícia chegou quando Christo assumiu um dos seus projetos mais ambiciosos até o momento, uma escultura que envolveria o Arco do Triunfo de Paris em 25 mil m² de tecido. Intitulado L’Arc de Triomphe, Wrapped e concebido pela primeira vez em 1962 por Christo e Jeanne-Claude, o projeto ainda deve ser executado em setembro de 2021. A instalação estava originalmente prevista para este ano, mas foi datada novamente devido à pandemia de coronavírus.

Christo and Jeanne-Claude, Surrounded Islands, Biscayne Bay, Greater Miami, Florida, 1980–83. Photo by Wolfgang Volz. Courtesy and © the artists.

Com Jeanne-Claude, que morreu em 2009, Christo criou algumas das esculturas mais emblemáticas do último meio século. Juntos, concluíram 23 projetos ao longo de mais de 50 anos – restando ainda outros 47 sem finalização. Muitos envolveram temporariamente a colocação de prédios conhecidos em centenas de milhares de metros quadrados de tecido, desconstruindo e reconstruindo efetivamente a maneira como pensamos sobre como essas estruturas funcionam em relação à paisagem circundante. Entre as estruturas envolvidas pelo casal estavam a ponte Pont Neuf, em Paris, a Baía Biscayne, em Miami, e o Reichstag, em Berlim. 

Christo and Jeanne-Claude at The Gates, February 2005. Photo by Wolfgang Volz. Courtesy and © the artists.

No entanto, os próprios invólucros são apenas uma faceta de cada projeto. Christo e Jeanne-Claude consideraram a disputa burocrática necessária para realizar uma determinada escultura – assim como a documentação relacionada, como relatórios de impacto ambiental e desenhos e diagramas feitos nas etapas de planejamento – como parte dos trabalhos. Ao propor que as esculturas monumentais são mais do que apenas o objeto final realizado, Christo e Jeanne-Claude mudaram a forma como a arte pública é feita e compreendida.

Christo and Jeanne-Claude, Wrapped Reichstag, Berlin, 1971–95. Photo by Wolfgang Volz. Courtesy and © the artists.

Descrevendo sua mais recente instalação ambiental em larga escala, The Floating Piers (2014-16) – uma série de passarelas amarelas flutuantes e cintilantes que se estendiam pelo Lago Iseo da Itália – Christo descreveu sua abordagem única à arte:

A arte não é apenas o píer, a cor ou o tecido, mas o lago e as montanhas. Toda a paisagem é obra de arte. É tudo sobre você ter um relacionamento pessoal com ele. Você nele, experimentando. Sentindo isso. Quero que você atravesse com os pés descalços. Muito sexy.

Christo and Jeanne-Claude, The Floating Piers, Lake Iseo, Italy, 2014–16. Photo by Wolfgang Volz. Courtesy and © the artists.

Christo and Jeanne-Claude, The London Mastaba (2016–18), Serpentine Lake, Hyde Park. Photo by Wolfgang Volz, ©2018 Christo.