CCBB colocou o Brasil nos três primeiros lugares de exposições mais visitadas do ano
É oficial: Ai Weiwei é o artista mais popular do mundo. A exposição do chinês no Brasil – sua primeira no país sul-americano e sua maior exposição até o momento – foi um grande sucesso e a mostra individual com maior números de visitantes em 2019, com mais de 1,1 milhão de pessoas passando pela exposição que começou na Oca, em São Paulo, e viajou depois para Belo Horizonte e Curitiba, antes de desembarcar no espaço do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, onde foi vista por uma média diária de 9.172 visitantes (cerca de 600.000 em total).
O triunfo de Ai ajudou o Brasil e o CCBB a garantir as três primeiras posições no ranking que exposições mais populares, que considera a média de visitantes diários de cada mostra. Ocupando o primeiro e o segundo lugares está a exposição itinerante gratuita que oferece uma visão dos bastidores da DreamWorks. Co-organizada pelo estúdio de animação e pelo Australian Centre for the Moving Image de Melbourne, onde estreou em 2014, a mostra de 400 peças apresentava storyboards, desenhos conceituais, pinturas e maquetes para os favoritos de filmes como Shrek, Madagascar e Kung Fu Panda. O número impressionante de 11.380 visitantes por dia foi para o Rio, enquanto outros 9.277 visitantes diários a viram em Belo Horizonte. O CCBB liderou o ranking de 2016 com outro trio de exposições, incluindo um de obras pós-impressionistas (9.700 visitantes por dia). O CCBB, que realiza exposições gratuitas em seus quatro locais no Brasil, teve quase 5,6 milhões de visitantes em 2019 – um aumento de 28% em 2018 e um aumento de 36% em relação a 2017.
O apetite duradouro do Japão por mestres ocidentais é demonstrado com o sucesso das exposições do Museu Metropolitano de Arte de Tóquio sobre Edvard Munch (8.931 visitantes por dia) e Gustav Klimt (7.808), que ocupam o quarto e quinto lugar do ranking. A mostra itinerante de obras impressionistas da Courtauld Gallery de Londres também foi um sucesso em Tóquio (3.802 por dia) – embora não seja tão popular quanto a versão da Fondation Louis Vuitton de Paris (4.712).
Tutankhamon tomou Paris de assalto com a chegada de sua turnê, anunciada como a última chance de ver o túmulo do menino rei antes que retorne permanentemente à sua nova casa, no Grande Museu Egípcio do Cairo, que deve abrir ainda este ano. Cerca de 7.735 visitantes por dia (1,4 milhão no total) capturaram o grande sucesso no Grande Halle de la Villette, que apresentava de tudo, desde chinelos faraônicos de ouro a shabtis (figuras funerárias) de todas as formas e tamanhos. A exposição quebrou o recorde anterior de Tut em Paris, em 1967, no Petit Palais, visitada por 1,2 milhão de pessoas. A mostra itinerante, que começou no California Science Center em Los Angeles no final de 2018 (2.379 visitantes por dia), já viajou até a Inglaterra, onde espera-se um novo recorde de visitação.
Os aniversários sempre ajudam a atrair as multidões e não foi diferente em 2019. Leonardo, no Louvre, foi a joia da coroa de exposições que comemoram o 500º aniversário da morte do mestre, mas como foi encerrada no início deste ano, o recorde de 1,1 milhão de pessoas será considerado apenas no ranking de 2020. Entre outras celebrações notáveis de Leonardo estavam a exibição de uma única pintura, empréstimo do Vaticano, no Metropolitan Museum of Art de Nova York (3.099 visitantes por dia) e uma mostra itinerante no Reino Unido de desenhos emprestados por The Queen. A Royal Collection se recusou a fornecer os números de visitantes nas galerias da rainha no Palácio de Buckingham e Holyroodhouse, mas a participação em versões menores da mostra na Manchester Art Gallery (2.677) e na Kelvingrove Art Gallery and Museum de Glasgow (1.409) demonstra um interesse público saudável.
Top 10 dos museus de arte mais populares
O Museu do Louvre mais uma vez lidera nossa pesquisa em termos de participação geral com 9,6 milhões de visitantes, 600 mil a menos que o recorde de todos os tempos em 2018, mas ainda assim impressionante. Os protestos em andamento em toda a cidade provavelmente contribuíram para que quatro dos cinco museus mais populares de Paris experimentassem quedas no ano passado, exceto o segundo mais visitado da cidade, o Musée d’Orsay, com quase 3,7 milhões – um aumento de 11% em 2018.
O Museu Nacional da China, em Pequim, mantém a segunda posição com 7,4 milhões de visitantes, seguido pelos Museus do Vaticano (6,9 milhões), que ocupa o terceiro lugar pela primeira vez – trocando de lugar com o Metropolitan Museum of Art (6,5 milhões).
Com 6,2 milhões de visitantes, 400 mil a mais que no ano anterior, o British Museum (BM) recupera seu título de museu mais visitado do Reino Unido, depois de ter sido superado pela Tate Modern em 2018.
Mas são a Tate Modern e a Tate Britain que têm mais motivos para comemorar, pois ambas tiveram um ano recorde. A Tate Modern recebeu 6,1 milhões de visitantes – 230 mil a mais do que em 2018 – apesar de nenhuma de suas mostras ter uma classificação tão alta quanto a sua exposição Picasso, de 2018 (2.802 visitantes por dia); suas duas principais exposições de 2019 foram a de Pierre Bonnard (2.388) e “The Clock”, de Christian Marclay (1.890), que atraiu mais visitantes em Londres do que em sua mostra de 2012 no Museu de Arte Moderna de Nova York (1.547). Cerca de 1,8 milhões estiveram na Tate Britain, um aumento de 536 mil visitantes – 422 mil dos quais apareceram na popular exibição de Van Gogh e da Grã-Bretanha.
A paralisação de 35 dias em Washington, DC, no ano passado, teve um impacto significativo nas visitas aos museus públicos da cidade, que permaneceram fechados na maior parte de janeiro. A visitação geral ao Smithsonian American Art Museum e à National Portrait Gallery, que compartilham o mesmo edifício, caiu em 604 mil. A Renwick Gallery caiu em 500 mil e a National Gallery of Art em 330 mil. O Hirshhorn, no entanto, resistiu à tendência recebendo 891 mil visitantes – quase 10 mil mais que em 2018.
O Art Newspaper vêm publicando sua pesquisa anual de visitação por mais de duas décadas. Embora os dados coletados para o relatório deste ano reflitam as flutuações usuais no número de visitantes em museus em todo o mundo, o período coberto antecede os efeitos generalizados da pandemia de Covid-19 (coronavírus). Vale a pena notar também que alguns museus da Ásia e da Itália não puderam participar da pesquisa, pois foram fechados durante o período de pesquisa. O surto, combinado com uma crescente conscientização no mundo da arte da escala da crise climática, está levando a uma mudança no pensamento sobre o papel dos museus e a exibição de exposições. No próximo ano, a medição deste ranking poderá sofrer mudanças – considerando mais o engajamento digital do que a presença nos museus, por exemplo.
Metodologia
- Todos os dados utilizados foram fornecidos pelas instituições em questão.
- Algumas instituições oferecem várias exposições para um único ingresso: elas são mostradas como uma entrada.
- As exposições gratuitas para visitação são indicadas com um asterisco (*).
- Os números diários são calculados automaticamente pelo banco de dados do Art Newspaper, que calcula o número de dias durante os quais uma exposição foi aberta usando a seguinte fórmula: número total de dias entre a data de início e a data de término, dividido por sete, multiplicado pelo número de dias da semana que a instituição é aberta, menos os fechamentos excepcionais.