Marcos Gallon volta à curadoria do setor Performance e Júlia Rebouças assume OpenSpace
A SP-Arte, feira internacional que acontece entre os dias 1 e 5 de abril, apresentou os curadores de dois dos seus setores. Neste ano, Júlia Rebouças assume a curadoria da segunda edição do OpenSpace, setor que rompe com o formato clássico dos estandes e leva trabalhos para o lado de fora do Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera – onde se realiza a SP-Arte. Tal como um parque de obras de arte, o setor convida os visitantes do Festival Internacional de Arte de São Paulo a transitar pelo exterior do prédio de Oscar Niemeyer.
A ideia de um “jardim dentro do jardim” pauta a curadoria desta edição. “Trata-se de obras escolhidas a partir das discussões sobre paisagens construídas, sobre a relação entre natureza e cultura e ocupações do espaço. Mais do que pensar num conjunto de trabalhos monumentais, esta edição vai se debruçar sobre a proximidade da escala do corpo no lugar”, afirma a curadora.
O setor OpenSpace estreou no ano passado com curadoria de Cauê Alves, funcionando como um parque de obras de arte, convidando os visitantes do Festival a transitar pelo exterior do prédio de Oscar Niemeyer. Na Praça das Bandeiras, uma das principais entradas para o Pavilhão da Bienal, outros trabalhos completaram a exposição. Obras de importantes artistas nacionais e estrangeiros compuseram um recorte diversificado, atravessando períodos, materiais e discussões em torno da escultura e instalação.
Setor Performance
Pela segunda vez, a curadoria de Marcos Gallon, diretor artístico da Verbo – Mostra de Performance Arte, dá o tom ao setor Performance na SP-Arte. Enquanto no ano passado as ações escolhidas por ele refletiam sobre as ferramentas e estratégias que cada artista utiliza para criar uma obra dessa natureza, em 2020, as performances evidenciam o papel do artista como agente crítico e propositor de transformações.
“Espalhados pelo Pavilhão da Bienal, os cinco trabalhos selecionados levantam debates políticos latentes, seja através da vivência dos artistas, seja na proposta da obra em si. As performances seguem ainda diferentes modos de documentação, possibilidades de aquisição ou distintas apresentações do corpo do artista”, afirma o curador.
Novamente, a aquisição por parte da SP-Arte de uma das cinco ações integra o programa. O trabalho será adquirido e doado à Pinacoteca de São Paulo. Em 2019, a performance “Atoritoleituralogosh”, de Cristiano Lenhardt (Fortes D’Aloia & Gabriel), foi a vencedora do Prêmio Aquisição SP-Arte e integra agora o acervo da instituição. O objetivo é reforçar a presença da performance nos contextos comercial e institucional da arte. “Pretendemos apresentar a pluralidade de dinâmicas que constitui o campo da Performance Arte, evidenciando questões como sua inserção em coleções públicas ou privadas”, ressalta Gallon.
No ano passado, pela primeira vez desde sua criação em 2015, o setor Performance contou apenas com obras de artistas representados por galerias que integram regularmente a SP-Arte, com o objetivo de ampliar a participação desse tipo de trabalho nos circuitos comercial e institucional das artes visuais.
Sobre os curadores
Júlia Rebouças atua como curadora e pesquisadora de arte. Foi curadora da mostra “Entrevendo”, antologia poética e histórica da obra de Cildo Meireles, no Sesc Pompeia. Em 2019, foi curadora do 36º Panorama da Arte Brasileira: “Sertão”, no Museu de Arte Moderna – SP. No mesmo ano, integrou a comissão curatorial de seleção e acompanhamento da 7ª edição da Bolsa Pampulha, em Belo Horizonte. Foi co-curadora da 32ª Bienal de São Paulo, “Incerteza Viva” (2016). De 2007 a 2015, trabalhou na curadoria do Instituto Inhotim, Minas Gerais. Colaborou com a Associação Cultural Videobrasil, integrando a comissão curadora dos 18º e 19º Festivais Internacionais de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil, em São Paulo. Foi curadora adjunta da 9ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, “Se o clima for favorável”, em 2013. Realiza diversos projetos curatoriais independentes, dentre os quais destacamos a exposição “Entrementes”, da artista Valeska Soares, na Estação Pinacoteca, São Paulo (2018), a mostra “MitoMotim”, no Galpão VB, São Paulo (2018), e “Zona de instabilidade”, com obras da artista Lais Myrrha, na Caixa Cultural Sé, São Paulo, em 2013, e na Caixa Cultural Brasília, em 2014. É Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais (2017).
Marcos Gallon é graduado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Como bailarino e coreógrafo trabalhou em várias companhias de dança em São Paulo. De 1993 a 1996, assumiu o cargo de Administração da Cia. Terceira Dança em São Paulo. Viveu quatro anos em Berlim (1997-2001), onde ampliou sua pesquisa no campo da dança contemporânea, tendo desenvolvido vários trabalhos junto a coreógrafos da cena local. Nos anos de 2003 e 2004, criou o projeto “Corpo de Baile”, coletivo composto por bailarinos, performers, designers, atores e artistas visuais. Atualmente é diretor artístico da Verbo – Mostra de Performance Arte, plataforma anual de Performance Arte criada pela Vermelho (São Paulo), em 2005. É co-autor de “DAS: um olhar contemporâneo sobre um trabalho da Cia. Terceira Dança” (Annablume, 1995), e organizador de “Verbo – Mostra de Performance Arte” (Ed. Tijuana, 2015)