O projeto foi inicialmente concebido por Cecilia Alemani, que segue para a curadoria da Bienal de Veneza
Como organizada por Cecilia Alemani, a curadora recém-nomeada para a Bienal de Veneza do próximo ano, a High Line Art – programa responsável pela arte pública no parque elevado sobre os antigos trilhos de trem de Nova York – apresentará uma exposição coletiva de projetos musicais e duas esculturas, entre as obras comissionadas para 2020. Quando estrearem, em Abril, as três peças se juntarão a um mural logo acima da 22ns Street, criado recentemente para o programa pelo pintor em ascensão Jordan Casteel.
Usando o som como norte, “The Musical Brain” contará com oito artistas conhecidos por “pensarem na música como uma maneira de conectar as pessoas”, disse Alemani à ARTnews. “A música é um componente do que acontece na esfera pública e em nossa vida pública; portanto, queríamos capturar e ver como os artistas reagiriam de maneira ampla”.
Os artistas da exposição – Rebecca Belmore, Vivian Caccuri, Raúl de Nieves, Guillermo Galindo, David Horvitz, Mai-Thu Perret, Naama Tsabar e Antonio Vega Macotela – integrarão uma composição montada sob um título inspirado em uma história curta do escritor argentino César Ária. “Como costuma acontecer com as nossas mostras coletivas”, disse Alemani, “fornecemos uma dica ou recomendação, que os artistas podem interpretar de maneiras diferentes. É importante para nós que possamos produzir novas comissões e novos trabalhos. Já existiam dois trabalhos, mas eram perfeitos demais para não serem incluídos e, por falta de uma palavra melhor, eles têm uma conexão site-specific com a High Line“.
Os materiais da exposição – que tem curadoria de Melanie Kress, curadora associada da High Line Art – incluirão sons mais do que inefáveis. “Geralmente, quando você pensa em um programa de som ou música, não necessariamente visualiza objetos ou esculturas”, disse Alemani. “Mas fizemos um esforço para ter uma presença física porque percebemos que, se você fizesse apenas uma mostra de som na High Line, o público perderia metade dela porque já está barulhento. Por isso, convidamos os artistas a realmente pensar em formas esculturais de som e música”.
Além da coletiva, a High Line também receberá duas comissões individuais: “Retainer”, de Hannah Levy, uma grande evocação de um aparelho ortodôntico esculpido em mármore da mesma pedreira que fornecia a Michelangelo; e “57 Forms of Liberty”, de Ibrahim Mahama, trabalho descrito como “inspirado por uma chaminé enferrujada que o artista viu em uma oficina de locomotivas em Sekondi, Gana, que agora tem uma árvore que cresce da boca”.
Alemani disse que toda a programação mantém uma grande variedade de públicos em mente. “O importante é que o que mostramos e comissionamos faça sentido para a High Line como um parque que acolhe mais de oito milhões de pessoas e que cada trabalho que exibimos possa oferecer uma variedade de pontos de entrada e acessibilidade em termos de significado”, disse ela. “Nada é didático demais, e os trabalhos que mostramos são abertos o suficiente para que eles possam receber o público. Tentamos trabalhar com artistas para que eles possam envolver o público de maneira ativa, não prescritiva”.
Questionada algum trabalho desse tipo figuraria em sua abordagem para a Bienal de Veneza, Alemani – diretora e curadora chefe da High -Line Art desde 2011 – disse: “Eu não posso falar sobre isso. Mas o que me empolga é pensar nos espaços da Bienal de Veneza. O Arsenale, embora fechado, é de um certo tamanho e dimensão que quase parece um espaço aberto ou um espaço incomum de museu. É difícil dizer agora, mas é claro que isso influenciará o que farei em Veneza – porque este é o trabalho que faço há oito anos”.
Ou talvez não. “Talvez seja o oposto e sejam apenas pinturas”, disse ela com uma risada. “Eu não sei!”