Do efeito MoMA a uma nova plataforma para arte, o que há de novo na Art Basel Miami Beach deste ano

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A nova plataforma “Meridians” exibirá grandes obras em um enorme salão

Não é segredo que as feiras de arte são tão caras quanto cruciais para as galerias. Com o mundo da arte se encontrando no sul da Flórida para a feira anual Art Basel Miami Beach, agora em sua 18ª edição, o que é preciso para sustentar o elemento imperdível exclusivo do evento em meio a festas, jantares patrocinados e outros ruídos que ameaçam abafar a arte real?

A mostra “manteve sua identidade e foco distintos – unindo os mercados de arte norte-americanos e sul-americanos como a principal mostra de arte nas Américas e continuando a fornecer uma plataforma importante para artistas e galerias da região”, disse o diretor Noah Horowitz à Artnet News.

A feira deste ano tem como objetivo ir além dos desgastados centros de mercado de Nova York e Los Angeles para receber novos participantes de Chicago, Toronto, Cidade do México e Miami Beach – um testemunho, disse Horowitz, da “força dos hubs culturais fora dos principais mercados”. Além disso, a programação de galerias asiáticas foi reforçada por novas participações, incluindo 10 Chancery Lane Gallery de Hong Kong, Magician Space de Pequim e ROH Projects de Jacarta.

Isaac Julien – Instalação, Lina Bo Bardi – A Marvellous Entanglement

Isaac Julien – Instalação, Lina Bo Bardi – A Marvellous Entanglement

Go Big or Go Home

Uma das novidades desta edição é a nova seção, intitulada “Meridians”, uma plataforma ambiciosa que contará com 34 projetos de larga escala, de vários artistas estabelecidos e emergentes, como Tina Girouard, Woody De Othello, Isaac Julien, Ana Mendieta e Torey Thornton.

Meridians tem curadoria de Magalí Arriola, diretora do Museo Tamayo na Cidade do México, e terá um forte foco em artistas e obras da América do Norte e do Sul. Os projetos, que incluem esculturas, pinturas, instalações, vídeos e performances em grande escala, serão apresentados no Grand Ballroom, no segundo andar do centro de convenções, um espaço de exposições com mais de 18 mil m² (o projeto é semelhante a uma versão reduzida da seção Unlimited, extremamente popular, na Art Basel, em Basel).

Arriola classificou dezenas de inscrições das galerias participantes antes de apresentá-las a um comitê de seleção, que votou nas escolhas finais. Ela explicou que eles não estavam à procura de nada específico, mas, no entanto, surgiram alguns temas abrangentes: “identidade, raça, gênero, território, migração, que é um conjunto tão grande de coisas, mas que de alguma forma estão conectadas”, disse ela. “Estamos vendo esses temas abordados sob perspectivas muito diferentes e em muitas regiões diferentes”.

Entre os projetos mais esperados está o de Isaac Julien, “Lina Bo Bardi – A Marvellous Entanglement (2019)”, uma instalação de nove telas que rastreia a influência da vida e obra da lendária arquiteta brasileira Lina Bo Bardi. Outro trabalho em homenagem a um colega artista é de Adam Pendleton, “Ishmael in the Garden: A Portrait of Ishmael Houston-Jones (2018)”, um vídeo de 24 minutos que enfoca a vida do coreógrafo, autor, intérprete, professor e curador.

Enquanto isso, os que buscam projeção nas redes sociais provavelmente ficarão satisfeitos com a apresentação “The Garden” (1996), de Portia Munson, que assume a forma de um quarto de mulher densamente coberto por vestidos florais, bichos de pelúcia, móveis garimpados e uma infinidade de flores artificiais.

Outras obras históricas. Esquerda: Fairfield Porter, Double Portrait (1968). Direita: Alex Katz, Margit (1993). Cortesia Marlborough Gallery.

Outras obras históricas. Esquerda: Fairfield Porter, Double Portrait (1968). Direita: Alex Katz, Margit (1993). Cortesia Marlborough Gallery.

O efeito MoMA

No andar de baixo da feira principal, algumas das obras mais emocionantes são de artistas que só agora começam a ganhar o reconhecimento adequado. Vários nomes cujo trabalho foi recentemente contextualizado no expandido Museu de Arte Moderna de Nova York estarão em exposições individuais, particularmente na seção “Survey”, dedicada a projetos históricos. Podemos chamar isso de efeito MoMA.

A Pippy Houldsworth Gallery, de Londres, exibirá obras de Faith Ringgold, cuja pintura American People Series # 20: Die, de 1967, está agora pendurada com destaque ao lado de Les Demoiselles d’Avignon (1907), de Picasso, no MoMA. Em Miami, os trabalhos em exibição incluirão Flag is Bleeding #2 (1997), exemplos de sua série “American People” e outros trabalhos que raramente ou nunca foram mostrados nos EUA.

“As obras abordam diferentes aspectos da história racial e política da América através das lentes pessoais de auto-retratos que frequentemente retratam Ringgold ao lado de suas filhas”, explicou a galeria. O estande também contará com material de arquivo e um texto recém-encomendado da filha da artista, escritora Michele Wallace.

Também em “Survey”, a paulistana Almeida e Dale exibirá uma série de obras de Tarsila do Amaral, uma das principais representantes do movimento artístico modernista brasileiro e outra nova adição às galerias de coleções do MoMA. A mostra contará com vários desenhos, documentos e esboços produzidos pela artista durante a década de 1920. Três das pinturas de Amaral, bem como vários desenhos abstratos, também estarão em exibição.

A Art Basel Miami Beach recebe o público geral entre 5 a 8 de dezembro.

Via Artnet News

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