Com materiais simples como argila, papel e tinta, Anna Maria Maiolino constrói um mundo fascinante, enraizado nas condições humanas, como desejo, fragilidade e resistência
Anna Maria Maiolino: Making Love Revolutionary é a primeira retrospectiva da artista pioneira no Reino Unido e narra sessenta anos de mudanças políticas, pessoais e culturais através de 150 obras, muitas delas expostas pela primeira vez no Reino Unido. Emigrando para o Brasil na década de 1960, a obra de Maiolino também a conecta a momentos importantes da história da arte brasileira: o Novo Movimento de Figuração e o Neoconcretismo, na década de 1970.
Anna Maria Maiolino (n. 1942, Itália) constrói um mundo fascinante, enraizado nas condições humanas, como desejo e maternidade, linguagem e resistência, trabalhando com materiais simples como argila, papel e tinta. A escultura mais recente de Maiolino apresenta contornos e formas em argila crua que evocam o trabalho tradicional das mulheres, como trabalhos domésticos e panificação, com pequenas variações que evidenciam o trabalho da mão, apresentado em diálogo com trabalhos em papel. Maiolino trata o papel como um meio escultural, rasgando, dobrando e estratificando suas obras em papel.
A exposição também revela o início das pinturas de Maiolino, usando a técnica típica de impressão em xilogravura e a figuração popular do nordeste do Brasil. Inspirando-se em sua experiência como imigrante sob a ditadura militar brasileira, também estão em exibição trabalhos de vídeos e performances com carga política dos anos 1970 e 1980, explorando a repressão e a fome.
O título da exposição, “Making Love Revolutionary”, é uma referência às mães argentinas que protestaram pelo desaparecimento de seus filhos durante a ditadura na década de 1980 e destaca a relação entre o pessoal e o político no trabalho de Maiolino.
A exposição culmina em temas de regeneração e renovação, com a performance Entravidas (1981), uma manifestação literal de andar sobre cascas de ovos; o ovo Maiolino compara-se a uma forma ou começo primordial.
“Making Love Revolutionary” foi concebida e organizada em colaboração com o PAC Padiglione d’Arte Contemporanea em Milão e ocupa a Whitechapel Gallery até 12 de janeiro de 2020.