Uma liminar havia suspendido a operação na semana passada
O Tribunal Administrativo Regional (TAR) do Vêneto liberou nesta quarta-feira (16) o empréstimo de obras de Leonardo da Vinci (1452-1519), incluindo o “Homem Vitruviano”, ao Museu do Louvre, em Paris, capital da França.
A corte havia suspendido a operação no último dia 8 de outubro, em caráter liminar, após um recurso apresentado pela associação Italia Nostra, que defende a tutela do patrimônio histórico, artístico e natural do país.
No julgamento do mérito, no entanto, o TAR afirmou que a ação da Italia Nostra “não apresenta elementos suficientes” para justificar o veto. O pedido da associação se baseava em um artigo do Código dos Bens Culturais que impede que itens que constituem a parte principal de uma determinada seção de um museu, arquivo ou biblioteca saiam do território nacional.
Para o tribunal, no entanto, o “caráter identitário do ‘Homem Vitruviano’ não é absoluto e não o exclui taxativamente do empréstimo”. Os juízes ainda lembraram que outras obras de arte simbólicas, como o desenho “A queda de Faetonte”, de Michelangelo, já foram exibidas no exterior.
O “Homem Vitruviano” fica nas Galerias da Academia, em Veneza, e fará parte de uma grande mostra no Louvre pelos 500 anos da morte de Leonardo Da Vinci, que começará em 24 de outubro. Em troca, a França cederá obras de Rafael para uma exposição sobre o mestre programada para 2020.
“Agora pode começar a grande operação cultural ítalo-francesa para as mostras de Leonardo, em Paris, e Rafael, em Roma”, disse no Twitter o ministro dos Bens Culturais da Itália, Dario Franceschini.
O empréstimo começara a ser negociado no governo de Paolo Gentiloni (2016-2018), mas as conversas foram travadas após a chegada da ultranacionalista Liga e do populista Movimento 5 Estrelas (M5S) ao poder.
Com a troca de governo na Itália, em setembro, o centro-esquerdista Partido Democrático (PD), legenda de Gentiloni e Franceschini, reassumiu o Ministério dos Bens Culturais e autorizou o empréstimo.
O “Homem Vitruviano” é uma das obras mais famosas de Leonardo da Vinci e representa as proporções matemáticas do corpo humano dentro de um quadrado e um círculo. Seu nome se refere ao arquiteto romano Vitrúvio (80-15 a.C.), que havia descrito esses padrões em um tratado chamado “De Architectura”.
(ANSA)