A pintura de 2017 ocupava uma parede inteira de um prédio perto do porto de Dover, no sudoeste da Inglaterra
O prédio abandonado pertence a uma família proprietária de outros imóveis e que, anteriormente, já de indispôs com o artista de rua mundialmente famoso no tribunal.
O grafite de Banksy é uma declaração crítica sobre a Brexit e desapareceu sem deixar vestígios – ou uma explicação. O mural de três andares, que mostrava um operário empenhado em destruir uma das estrelas amarelas da bandeira azul da União Européia, foi viste pela primeira vez em Dover, cidade portuária no Canal da Mancha, que tem vista para a Europa continental. Ele foi instalado perto do terminal de balsas em maio de 2017 e rapidamente se tornou um símbolo melancólico do que o país poderia perder com a sua saída da União Europeia.
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No último final de semana, entretanto, andaimes foram instalados ao lado do prédio e, na segunda-feira, começaram a circular informações de que o mural havia sido removido e coberto com tinta branca. Até agora, não houve comentários ou explicações de Banksy ou da cidade de Dover.
Um oficial do parlamento de Dover, Charlie Elphicke, se pronunciou sobre o trabalho. No Twitter, disse que estava “muito desapontado” com o desaparecimento de um “testemunho culturalmente icônico dos nossos tempos”. Ele observou que a cidade pediu à Inglaterra para que colocasse a obra em proteção, mas que o pedido foi recusado. “Este é o resultado”, disse ele.
Very disappointed by the disappearance of the Dover Banksy. A culturally iconic statement on our times. We asked Historic England to se their powers to protect this work but they refused. This is the result. They should hang their heads in shame. pic.twitter.com/CZC3V7BJzZ
— Charlie Elphicke (@CharlieElphicke) August 26, 2019
Elphicke ainda disse que, se o órgão de preservação concordou em proteger “a passagem da Abbey Road e até mesmo um terminal de ônibus de Bournemouth da década de 1960″ então “deveriam ter listado uma peça de arte icônica e culturalmente importante como nosso Banksy”.
Agora, alguns estão se voltando aos proprietários do edifício, membros da família Godden, proprietários da Godden Gaming Organization e que operam um império de propriedades que se estende por Folkestone, Thanet e Dover, pedindo uma explicação. O prédio – uma antiga arcada em Dover – deveria ser demolido antes que o trabalho viral de Banksy aparecesse lá em 2017.
Curiosamente, o mural do Brexit não foi o primeiro contato que Banksy teve com a família: os Goddens perderam anteriormente uma batalha no Tribunal Superior com o artista pela permissão de vender um de seus murais em uma propriedade que possuíam em Folkestone. Quando o trabalho, chamado Art Buff, apareceu pela primeira vez, a família disse à imprensa que pretendia removê-lo ou vendê-lo por 1 milhão de libras (1,2 milhão de dólares).
Foi um contragolpe do destino, então, quando Banksy escolheu outro prédio da família Godden para criar seu mural Brexit. E desde a sua remoção inexplicável, as perguntas circulam nas redes sociais. O apagamento foi acidental ou um gesto cuidadosamente planejado por um artista que tem fama de provocar um frenesi na mídia? Ou a remoção de Dover poderia ser algum tipo de troco dos Goddens?
A peça Brexit de Banksy também havia sido anteriormente vandalizada com uma pequena etiqueta que dizia “the clash”, quando o conselho do distrito de Dover anunciou planos para monitorar o trabalho com a CCTV. Mas até agora, nenhuma resposta está próxima.
“Estamos decepcionados em ver que o mural de Banksy parece ter sido removido, reconhecendo que essa arte única se tornou uma atração turística popular na cidade”, disse um porta-voz do conselho de Dover ao Artnet News. “A propriedade, que está em estado de degradação considerável, é de propriedade privada, e o conselho não estava envolvido na atividade atual nem ciente de quaisquer planos para que ela ocorresse”.
