Com curadoria de Júlia Rebouças e sob o tema “Sertão”, 29 artistas apresentam suas obras
A nova edição do Panorama da Arte Brasileira acontece entre 17 de agosto e 15 de novembro, no MAM de São Paulo. “Sertão” foi o conceito proposto pela curadora Júlia Rebouças para articular esta edição, que apresenta 29 artistas. Após um extenso processo de pesquisa e viagens por diversas regiões do Brasil, incluindo cidades como Cachoeira (BA), Recife (PE) e a região do Cariri cearense, a curadora convidou artistas que se relacionam com o conceito, entendendo a própria arte como “sertão” – em sua instância de experimentação e resistência –, deixando de lado o viés geográfico facilmente associado à palavra.
“Para o projeto curatorial do 36º Panorama da Arte Brasileira, tomamos sertão como termo evocativo, que traz consigo afetos, formas, ideias, ficções. Suas imagens estão presentes por toda a cultura brasileira, ainda que nenhuma delas dê conta de tudo o que pode significar. Os elementos de uma certa geografia não constituem suficientemente o sertão. As ocupações humanas não são o sertão. Também não o são as forças telúricas. Não há empreendimento, monumento ou manifestação que consiga simbolizar inteiramente o sertão, nem mesmo o sagrado ou o festivo. Há sempre uma condição-sertão que funda outra existência e que não se deixa confinar. Se o imaginário de um certo senso comum trata o sertão como vazio, aridez, aspereza ou indigência, a ele confrontam-se as acepções de vitalidade, força, resistência, experimentação e criação, gestadas a partir de uma ordem de saberes e práticas que desafia o projeto colonial em suas reiteradas tentativas de submissão. De forma alusiva, o sertão refere-se a um só tempo à arte e ao estado da arte”, explica Júlia.
Transformações da sociedade brasileira, religiões, violência policial, identidade de gênero, preconceito racial e meio ambiente são alguns dos temas que aparecem nas fotografias, pinturas, instalações, performances, vídeos, esculturas e objetos deste Panorama. Os artistas selecionados estão em início ou meio de carreira, com produções que apontam para territórios especulativos que dão sentido à ideia de sertão, além de artistas com trajetórias mais extensas, que apresentam obras que merecem ser revisitadas à luz dos debates propostos.
50 anos de Panorama
A edição de 2019 marca os 50 anos do Panorama da Arte Brasileira. A mostra foi criada em 1969 para viabilizar uma recomposição do acervo do museu e possibilitar que ele voltasse a participar ativamente do circuito artístico contemporâneo. Idealizado como um evento anual, o Panorama passou a ser realizado a cada dois anos a partir de 1995, contando até o momento 35 edições.
Os nomes selecionados para a mostra são:
- Ana Lira (Caruaru – PE, 1977. Vive no Recife)
- Ana Pi (Belo Horizonte, 1986. Vive em Paris)
- Ana Vaz (Brasília, 1986. Vive em Lisboa)
- Antonio Obá (Ceilândia – DF, 1983. Vive em Brasília)
- Coletivo Fulni-ô de Cinema (Águas Belas – PE)
- Cristiano Lenhardt (Itaara – RS, 1974. Vive em São Lourenço da Mata – PE)
- Dalton Paula (Brasília, 1982. Vive em Goiânia)
- Daniel Albuquerque (Rio de Janeiro, 1983. Vive no Rio de Janeiro)
- Desali (Contagem – MG, 1983. Vive em Belo Horizonte)
- Gabi Bresola & Mariana Berta (Joaçaba – SC, 1992 / Peritiba- SC, 1990. Vivem em Florianópolis)
- Gê Viana (Santa Luzia – MA, 1986. Vive em São Luís)
- Gervane de Paula (Cuiabá, 1961. Vive em Cuiabá)
- Lise Lobato (Belém, 1963. Vive em Belém)
- Luciana Magno (Belém, 1987. Vive em São Paulo)
- Mabe Bethônico (Belo Horizonte, 1966. Vive em Genebra e Belo Horizonte)
- Mariana de Matos (Governador Valadares – MG, 1987. Vive no Recife)
- Maxim Malhado (Ibicaraí – BA, 1967. Vive em Massarandupió – BA)
- Maxwell Alexandre (Rio de Janeiro, 1990. Vive no Rio de Janeiro)
- Michel Zózimo (Santa Maria – RS, 1977. Vive em Porto Alegre)
- Paul Setúbal (Aparecida de Goiânia – GO, 1987. Vive em São Paulo)
- Radio Yandê (Rio de Janeiro, 2013)
- Randolpho Lamonier (Contagem – MG, 1988. Vive em Belo Horizonte)
- Raphael Escobar (São Paulo, 1987. Vive em São Paulo)
- Raquel Versieux (Belo Horizonte, 1984. Vive no Crato – CE)
- Regina Parra (São Paulo, 1984. Vive em São Paulo)
- Rosa Luz (Gama – DF, 1995. Vive em São Paulo)
- Santídio Pereira (Curral Comprido – PI, 1996. Vive em São Paulo)
- Vânia Medeiros (Salvador, 1984. Vive em São Paulo)
- Vulcanica PokaRopa (Presidente Bernardes – SP, 1993. Vive em Florianópolis)