Girassóis, auto-retrato e Noite Estrelada sobre o Rhône estão entre obras da mostra
A Tate Britain realizará sua primeira exposição com obras de Vincent van Gogh desde a mostra de 1947 que, de tão popular, deixou gastos e danificados os pisos da galeria.
“Acho que nossos pisos estão mais robustos hoje em dia”, disse Alex Farquharson, diretor da Tate Britain, quando foram anunciados os detalhes da exposição de 2019, que explorará o relacionamento de Van Gogh com a Grã-Bretanha e seu impacto sobre os pintores britânicos.
Na última vez, as pessoas fizeram fila no frio e na chuva para ver uma exposição de cinco semanas organizada pelo Arts Council of Great Britain. Mais de 157.000 pessoas compareceram à mostra, incluindo a rainha. Os jornais compararam as cenas com as filas dos supermercados durante a época de racionamento – “E agora eles fazem fila para ver pinturas” – colocando o sucesso da exposição nas pessoas que estão “famintas de cor” por conta da austeridade da Grã-Bretanha no pós-guerra.
A Tate descobriu em seu arquivo uma carta ao Arts Council, solicitando o reembolso pelos danos causados em seu piso durante as cinco semanas da exposição, mas a resposta não foi encontrada.
Na ocasião, muitos dos visitantes que nunca haviam visitado uma galeria de arte vieram, embora a entrada custasse um xelim durante os dias de semana. Isso levantou 3.000 libras, informou um jornal. Cerca de metade do total de visitantes foi durante os fins de semana, quando a entrada era gratuita.
Para esta nova exposição, a Tate vai trazer mais de 45 obras de Van Gogh, o maior grupo de obras do artista a ser visto no Reino Unido por quase uma década.
A exposição contará a história do jovem Vincent, um migrante que viveu em Londres entre 1873 e 1876 como trainee de comerciante de arte. Ele se alojou em Brixton e se apaixonou pela cidade, andando por toda parte.
Empréstimos importantes incluirão seu Autorretrato (1889) da National Gallery of Art em Washington; Noite estrelada sobre o Rhône (1888) do Musée d’Orsay em Paris; e A Ronda dos Prisioneiros (1890), do Pushkin em Moscou.
Da National Gallery, mais perto de casa, virá o empréstimo da superestrelada Girassóis (1888), uma das quatro únicas pinturas de Van Gogh sobre o tema que ainda existem.
Será uma espécie de regresso: a tela esteve nas paredes da Tate durante quatro décadas, mas por conta de uma alteração no contrato, foi enviada para a National Gallery em 1961.
A curadora Carol Jacobi disse que as pessoas sempre “entenderam sua importância, sua mágica”. A obra foi exibido pela primeira vez em Londres em 1910, emprestada da coleção pessoal da cunhada do artista, Johanna van Gogh-Bonger, que queria que os espectadores britânicos vissem o melhor trabalho de Van Gogh.
Depois, retornou em 1923, exibida na Tate ao lado de Quarto em Arles e A casa Amarela. Todos os três não seriam vendidos, apesar das súplicas da Tate.
A decisão de Van Gogh-Bonger acabou se suavizando. Em uma carta, que será apresentada na mostra, ela escreveu: “Eu sei que nenhuma imagem representaria Vincent em sua famosa galeria de uma maneira mais digna do que os ‘Girassóis’ e que ele… teria gostado de estar lá… É um sacrifício em prol da glória de Vincent”.
Os Girassóis serão exibidos na Tate Britain juntamente com obras de arte britânicas inspiradas por ele, incluindo pinturas de artistas como Christopher Wood, Jacob Epstein e Frank Brangwyn.
Com a promessa de ser uma blockbuster, “Van Gogh and Britain” permanecerá em exposição na Tate Britain entre 27 de março e 11 de agosto de 2019.
Via The Guardian