O leilão de arte contemporânea e do século XX acontecerá em novembro, na cidade de Nova York.
Pintada em 1945, “Femme dans la nuit” é um exemplo importante da produção de Miró criada durante a Segunda Guerra Mundial e foi incluído na importante retrospectiva de 1962 do artista no Musée National d’Art Moderne em Paris. A pintura foi originalmente adquirida pelo mais importante comerciante de arte de Miró nos Estados Unidos, Pierre Matisse, pouco depois de sua aclamada mostra das Constelações. Estimada em US$ 12-18 milhões, a tela será exibida na Phillips Berkeley Square antes de ser oferecida para venda em novembro.
Hugues Joffre, conselheiro da Phillips, disse: “Femme dans la nuit, de Joan Miró, é um dos melhores exemplos de sua célebre série de pinturas criadas nos primeiros cinco meses de 1945, durante o qual ele concentrou-se exclusivamente sobre as quatorze pinturas conhecidas como ‘fundo branco’. Exemplares deste grupo permanecem em prestigiadas coleções de museus, incluindo o Museu Nacional de Arte Reina Sofia, em Madri; Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen, em Dusseldorf; Fundació Joan Miró, em Barcelona; e o Museu Guggenheim, em Nova York, colocando o presente trabalho entre os mais significativos para permanecer em uma coleção privada”.
“Femme dans la nuit” foi pintada em março de 1945, enquanto Miró vivia na Espanha. Tendo fugido da França pouco depois da invasão alemã vários anos antes, ele se estabelecera em Maiorca e na Catalunha e permaneceu por lá relativamente isolado do conflito, levando uma existência quase monástica durante a ditadura de Franco.
Os cadernos de Miró indicam até que ponto ele planejou “Femme dans la nuit” e suas obras-irmãs durante os anos de guerra, ao mesmo tempo em que revelam o quanto os conceitos evoluíram. Ele escolheu pintar as telas com tinta a óleo diluída para não se aproximar de um espaço em branco, mas sim uma arena já repleta de sugestões textuais sutis.
Menos de dois meses após a obra ser pintada, Miró escreveu para Christian Zervos, dizendo que durante aquele tempo havia trabalhado em aspectos inteiramente novos de sua obra. Nessa altura, a maré da guerra havia se transformado. Passou-se mais de meio ano desde a libertação de Paris, o que pode explicar a exuberância e a iluminação encontradas em Femme dans la nuit. Uma energia elétrica atravessa a pintura e isso só é aumentado pelos meandros gestuais em cinza e marrom. Estes revelam um imediatismo dramático; são uma prova de vida, um ponto enfático de contato entre o artista e a tela.
A obra foi selecionada para ser incluída em um contrato entre Miró e Pierre Matisse em 1946, que envolvia a aquisição por Matisse de uma grande parte do trabalho da época da guerra, bem como qualquer coisa criada nos anos seguintes, e foi adquirida por Pierre Matisse antes de 1949. Femme dans la nuit foi incluída na exposição de 1972 com as obras de Miró na Acquavella Galleries, quando serviu de capa para o catálogo da mostra. Foi lá que a família do proprietário atual da tela adquiriu a pintura. O leilão de novembro marca a primeira vez em que a obra será vendida publicamente.
