Dealers dizem que é um “passo na direção certa”, mas reconhecem que há um longo caminho a percorrer até atingir o equilíbrio
O custo de participação nas feiras de arte para negociantes de pequeno e médio porte tem sido um ponto de discórdia, levando David Zwirner a sugerir, em uma conferência em abril, que galerias como a dele deveriam pagar preços mais altos para subsidiar estandes de galerias menores.
Agora, a Art Basel está tomando providências para aliviar parte da carga, introduzindo uma tabela diferenciada para os estantes de sua seção principal. Começando pela Art Basel da Suíça, em 2019, as menores galerias pagarão menos 8% do valor anterior por metro quadrado, enquanto as galerias maiores pagarão 9% a mais.
Por outro lado, a Art Basel suspendeu seu aumento anual de 5% nos preços dos estandes. Um modelo semelhante será apresentado em Miami Beach em 2019 e em Hong Kong em 2020.
Thaddaeus Ropac, um dos cerca de dez grandes negociantes consultados sobre as novas medidas pelo diretor da Art Basel, Marc Spiegler, diz que a sugestão de Zwirner no início deste ano rapidamente ganhou apoio entre seus pares. “Foi sugerido por David e então Marc Glimcher concordou. Também achei uma ótima ideia”, disse Ropac.
Ele reconhece que existem inúmeras maneiras de subsidiar galerias, mas a decisão da Art Basel é um passo na direção certa. “Ter galerias menores com programas ambiciosos pagando menos por seus estandes em relação aos outros é um bom começo”, diz ele. Precificar os estandes de acordo com a renda da galeria seria quase impossível, acrescenta.
A Art Basel também está reduzindo suas taxas para estandes em outros setores das feiras. Já as galerias aptas a participar do setor principal receberão uma redução adicional de 20% no preço do metro quadrado no primeiro ano e um desconto de 10% no ano seguinte.
Outras considerações financeiras, como custos de envio e de pessoal, não fazem parte do novo esquema de preços, mas poderão ser abordadas no futuro. “A Art Basel também pode encontrar maneiras de patrocinar outros custos, mas o principal agora é que há uma consciência dessa lacuna”, diz Ropac. “É importante começar a pensar em como tornar mais fácil para as galerias que trabalham com artistas mais jovens ou emergentes, mas não têm influência financeira.”
Uma porta-voz da Art Basel admite que as mudanças no sistema de preços da feira e os benefícios adicionais “não resolverão os problemas sistêmicos enfrentados por muitas galerias”, mas ecoa o sentimento de Ropac de que este é “um passo sólido na direção certa”.
Ela acrescenta: “Ainda há muitas coisas que podem ser feitas… Mas o preço dos nossos espaços é a única coisa que temos controle. Outras feiras de arte seguirão o nosso exemplo?”.
“Eu acho que todas as principais feiras deverão, sim”, disse Ropac. “Ninguém vai querer ficar para trás. Mas vamos ver. A Art Basel assumiu a liderança e estamos felizes em estar envolvidos”.