A galeria espera reabrir já na sexta-feira

A Hayward Gallery de Londres teve que adiar a inauguração ao público da grande exposição individual dedicada à artista sul-coreana Lee Bul. Uma de suas obras pegou fogo na terça-feira, dia 29, levando ao cancelamento do preview para convidados da exposição “Lee Bul: Crashing”.

“Durante um incidente, uma obra de arte pegou fogo em um espaço contido dentro da Hayward Gallery, que exigiu a intervenção da brigada de incêndio”, confirmou um porta-voz da galeria à Artnet News.

A artista e o museu decidiram, juntos, remover da exposição a obra “Majestic Splendor” (1991-97) para fins de segurança antes da abertura, mas um pequeno incêndio ocorreu durante a desinstalação. A vernissage da noite foi cancelada no último minuto.

Esta não é a primeira vez que o trabalho, que compreende peixes decorados com ornamentos brilhantes, causou problemas. O odor da obra incomodou os visitantes da exposição de Bul no Museum of Modern Art, em 1997, a ponto de ser removida. Para evitar o mesmo problema, desta vez os curadores da Hayward decidiram colocar os peixes em um saco plástico selado com o permanganato de potássio. Mas a presença do químico aumentou as chances de que outros materiais já inflamáveis pegassem fogo.

“O dano superficial foi mantido em espaço confinada da Galeria 1”, disse o porta-voz, explicando que a galeria permanecerá fechada hoje e amanhã para lidar com “trabalho cosmético reparador.” A reabertura acontecerá na sexta-feira, 1 de junho, que irá atravessar pelo 50º aniversário da Hayward em julho e se encerrar em 19 de agosto.

A Hayward reabriu seu espaço expositivo no Southbank Centre, em Londres, no final de janeiro, após um fechamento de dois anos para reforma. Para esta exposição, Lee Bul ocupou o amplo espaço da galeria com mais de 100 obras, que vão desde o final dos anos 80 até o presente. A mostra inclui instalação, pintura e performance, transformando o espaço em uma paisagem futurista repleta de corpos alienígenas, ciborgues e ambientes espelhados que remetem a Kusama.

O trabalho do artista relembra tudo, desde histórias de ficção científica até o desenvolvimento urbano relâmpago da Coreia e apresenta um ambiente que beira a distopia.

Curiosamente, o incêndio surgiu entre uma série de experiências de desastres retratados, que incluem uma monumental Zeppelin prateado, “Willing To Be Vulnerable – Metalized Balloon” (2015-16), que faz referência ao desastre de Hindenburg em 1937, e uma nova obra escultórica, Scale of Tongue ( 2017–18), que faz referência ao naufrágio do ferry Sewol em 2014, evento que deixou 304 mortos.

Lee recebeu uma menção honrosa na 48ª Bienal de Veneza em 1999 por suas contribuições para o pavilhão coreano e a exposição internacional de Harald Szeemann. Depois, recebeu o Noon Award, dedicado a artistas consagrados que fizeram trabalhos experimentais, na 10ª Bienal de Gwangju em 2014.

“Lee Bul: Crashing” permanecerá na Hayward Gallery, em Londres, até 19 de agosto.