O site Observer apontou cinco cidades do mundo como as mais promissoras para o cenário da arte contemporânea
Quando se trata de cidades que criam algumas das mais inovadoras e interessantes obras de arte contemporâneas ao redor do mundo, os focos históricos de inovação artística, como Nova York, Londres e Paris, surgem imediatamente. Até mesmo Los Angeles, Cidade do México e Hong Kong já solidificaram seus lugares como destinos de arte. Mas há muita coisa acontecendo no cenário de arte. Aqui estão cinco cidades testemunhando grandes explosões de arte, não apenas por oferecer experiências artísticas únicas, mas também por estarem sendo creditadas por impulsionar o cenário internacional da arte contemporânea em novas e excitantes direções.
Viena, Áustria
Embora Viena esteja no meio de um ano comerorativo dos 100 anos de morte dos modernistas Gustav Klimt e Egon Schiele, seu presente artístico é tão impressionante quanto seu passado. A cidade abriga inúmeras instituições que investem na fusão de sua rica história com perspectivas críticas e contemporâneas, como o Kunsthistorisches Museum, que apresenta desde antiguidades imperiais até encomendas especiais de artistas contemporâneos. Mais recentemente, o neoclássico Theseus Temple, desta instituição, recebeu uma instalação da artista Kathleen Ryan, de Nova York.
O Museu Belvedere, que já foi o chalé de verão do príncipe Eugênio de Sabóia, agora abriga a icônica pintura de Klimt, The Kiss, ao lado de exposições especiais focadas em artistas do século XXI. E o Museu de Arte Moderna (MUMOK) e a Secession tornaram-se conhecidos por sua programação de expansão de fronteiras, a última apresentando grandes espetáculos de prodígios contemporâneos como Ericka Beckman, Alex da Corte e Nicole Eisenmann, todos no ano passado.
Impulsionar esta cidade para o futuro, no entanto, é o influxo de jovens artistas e galeristas que tem sido recebidos nos últimos tempos. Oferecendo uma alta qualidade e baixo custo de vida com a proximidade à Berlim – antes acessível e agora se tornando cada vez mais cara para artistas emergentes – Viena se tornou um foco de criatividade milenar com mais criativos entrando e mais intrépidos galeristas se instalando. Nos últimos dois anos, mais de meia dúzia de galerias lideradas por mulheres com elencos fortes foram abertas, incluindo a Galerie Nathalie Halgand, a Sophie Tappeiner, a Gianni Manhattan e a Galerie Lisa Kandlhofer. E a rápida ascensão da Vienna Contemporary art air, fundada em setembro de 2015, teve grande relevância na atração de novos colecionadores para a cidade.
São Paulo, Brasil
Arquitetos inovadores de meados do século, como Oscar Niemeyer, e artistas como Hélio Oiticica, Lygia Pape e Tarsila do Amaral – esta último, atualmente objeto de uma retrospectiva aclamada pela crítica no Museu de Arte Moderna de Nova York – definiram o legado moderno do cenário artístico brasileiro. E, embora o modernismo corra nas veias de São Paulo, essa metrópole se transformou em paraíso da arte contemporânea na última década.
A ascensão da feira SP-Arte como um destino no circuito dos colecionadores certamente ajudou a fortalecer a cena de arte na cidade, mas as galeria paulistanas também se tornaram uma referência da rapidez com que o mercado de arte de uma cidade pode crescer. Desde o ano 2000, o número de galerias de São Paulo triplicou. A cidade também abriga a Bienal de São Paulo, uma das mais antigas bienais de arte contemporânea do mundo, perdendo apenas para a ilustre Bienal de Veneza.
Os museus de São Paulo estão entre alguns dos melhores da América do Sul. A Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta uma variedade inigualável de história artística brasileira, desde a pintura do século 19 até obras multimídia contemporâneas em seu impressionante edifício neoclássico, enquanto o Museu de Arte de São Paulo, projetado por Lina Bo-Bardi, possui uma coleção que rivaliza com a Tate Modern londrina.
Além disso, a cidade tem uma rica e valiosa tradição de arte de rua, com trabalhos de grafiteiros como Osgemeos, à espreita em muitos cantos, embora alguns adorados murais tenham sido ameaçados recentemente devido a um plano municipal contencioso de “limpar” as ruas, que resultou em alguns poucos trabalhos sendo cobertos com tinta cinza.
Nashville, Tennessee
Conhecida principalmente por sua cena musical, Nashville, Tennessee, é atualmente uma cidade em expansão cultural. Crescendo a uma taxa de cerca de 100 pessoas por dia, com muitos criativos vindos de cidades costeiras mais caras, atraídos pela promessa de um aluguel mais barato e o charme sulista.
Embora o centro tenha abrigado uma pequena, mas próspera, cena de galerias por mais de uma década, com negociantes como Ann Brown, da The Arts Company, e Susan Tinney, da Tinney Contemporary, como figuras-chave, um número crescente de distritos artísticos continua a se desenvolver. Isso inclui o bairro Five Points de East Nashville, onde os espaços para incubadoras de artistas e outros empreendedores criativos surgiram em torno da pioneira galeria Art & Invention, fundada em 2000, assim como a área cada vez mais badalada de Wedgewood Houston. Em North Nashville, uma nova cena cool começou no Elephant, um bloco de galeria e estúdio dirigido por artistas, enquanto o Norf Art Collective tem sido fundamental na conscientização sobre questões sociais e gentrificação no bairro historicamente negro através de instalações públicas e murais desde 2016.
Outra arte imperdível na cidade inclui uma réplica em escala natural do Partenon grego (Nashville já foi conhecida como a “Atenas do Sul” devido a uma alta concentração de escolas) abrigando uma monumental escultura dourada de Atena, e a Galeria Carl Van Vechten na Universidade Fisk. Uma faculdade historicamente negra, fundada logo após a Guerra Civil, e a mais antiga de Nashville, Fisk tem uma coleção de arte que inclui um número impressionante de obras de Georgia O’Keeffe deixadas pelo próprio artista, bem como murais monumentalmente importantes de Aaron Douglas, figura chave o movimento do jazz Harlem Renaissance.
O Frist Art Museum, que mudou seu nome de Frist Center for Visual Arts este ano, é inegavelmente a grande mãe do cenário artístico, montando uma grande variedade de exposições anualmente, desde arte budista tibetana até uma mostra do trabalho de Nick Cave, em caraz até 24 de junho. Com a abertura do 21c Museum Hotel no ano passado e planos para uma nova feira de arte, Art Nashville, marcada para outubro, é claro que esta cidade está se preparando para ser um novo destino para os amantes da arte.
Accra, Gana
Apesar do fato da arte ter desempenhado um papel significativo na unificação das várias regiões de Gana sob uma nova bandeira nacional, quando se tornou independente da Grã-Bretanha em 1957, o financiamento público para a arte é quase inexistente. Em Accra, no entanto, um contingente obstinado de investidores do setor privado ajudou a criar uma cena de arte contemporânea incentivadora e envolvente, que está crescendo aos trancos e barrancos.
Liderando esta iniciativa recente está o colecionador e empreendedor Marwan Zakhem, que abriu a primeira galeria internacional de arte contemporânea da cidade, Galeria 1957. Desde o lançamento em 2016, a galeria montou cerca de uma dúzia de mostras de alto nível e experimentais, incluindo uma apresentação do trabalho do aclamado Paa Joe, em conjunto com uma performance da artista performática emergente Elisabeth Efua Sutherland.
Os espaços sem fins lucrativos de Accra foram fundamentais para o desenvolvimento cultural único da cidade nos últimos anos. A Nubuke Foundation, criada pelo artista Kofi Setordji em 2009 para apoiar a cena artística jovem da cidade e ajudar a promover a herança cultural do país, trouxe um número crescente de artistas ganenses contemporâneos para iluminar a última década, como Serge Attukwei Clottey e Adwoa Amoah. E, em março deste ano, a jovem historiadora de arte, escritora e cineasta Nana Oforiatta-Ayim, que fundou a plataforma de pesquisa de arte itinerante ANO em 2002, abriu seu primeiro espaço físico no promissor distrito cultural de Osu.
Instalado em uma antiga oficina da Alfa Romeo, os visitantes têm acesso à rica biblioteca da organização, bem como à programação de arte, design e música. Sua exposição inaugural, “Acra: Retratos de uma Cidade”, explora o “nascimento da modernidade” em Gana, e viajará o país na forma de mostras site-specifics satélites pelo resto do ano.
Pequim, China
A arte contemporânea na China tem prosperado na última década graças a uma economia robusta e a um exército de ricos colecionadores. Enquanto Hong Kong pode ter se tornado o elegante epicentro do mercado de arte na Ásia, Pequim solidificou sua reputação como a cidade mais ousada para artistas emergentes e estabelecidos. Seu Museu Nacional de Arte tem uma coleção impressionante que abrange cinco andares, incluindo de trabalhos de caligrafia tradicional chinesa à uma série de pinturas exemplares de Picasso. A cidade também tem sua própria feira e bienal – ambas lançadas nos últimos 15 anos -, embora muitas vezes sejam ofuscadas pelas robustas Art Basel Hong Kong e a Bienal de Xangai.
É a cena das galerias de Pequim que a diferencia como uma vanguarda de arte mais politicamente carregada vinda da China. A zona de artes Dashanzi 798, no nordeste da cidade, foi outrora um terreno industrial militar de edifícios de estilo Bauhaus, construído por arquitetos da Alemanha Oriental como parte de uma estratégia de unificação socialista nos anos 50. Agora, é um destino cultural. As galerias vão desde a Platform China, focada em mídia e com um programa de residências destinadas a fomentar um diálogo global entre artistas locais e internacionais, até a poderosa americana Pace, primeira galeria de Nova York a se instalar na região em 2008.
Embora o desenvolvimento do bairro tenha empurrado muitos artistas para as margens mais baratas da cidade, o cenário artístico alternativo de Pequim continua a prosperar na moderna área de Coachangdi, de onde Ai Weiwei vem e, mais adiante, no Songzhuang, onde uma dos maiores colônias de arte do mundo pode ser encontrada.