Alex Katz | Artista do Mês | Fevereiro de 2018

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Pintor figurativo, Katz é conhecido por suas imagens simplificadas em grande formato que retratam pessoas e paisagens americanas de um modo peculiar

Alex Katz é um pintor e printmaker de Nova York, especializado em retratos e paisagens audaciosamente simplificados. Embora influenciado pelos artistas da cena americana, bem como por diversos elementos do modernismo europeu e americano, ele evitou a afiliação com qualquer grupo ou movimento.

A distinção de Katz reside no fascinante diálogo que desenvolveu entre o realismo e tendências mais abstratas no modernismo. Suas ´paisagens heroicas e composições figuradas remetem aos lírios d’água de Monet, as composições expressionistas abstratas e aos outdoors de estrada.

Alex Katz | Black Hat 2, 2010 | Albertina, Wien. Sammlung Batliner © Bildrecht, Wien, 2017

Alex Katz | Black Hat 2, 2010

Apresentadas em cores fortes e planas, com parcos detalhes, suas telas criam uma dupla afirmação do tema e da superfície pintada. Sua técnica deve muito à moda nítida de arte e ilustração comercial e essa característica, juntamente com sua exibição simples de assuntos contemporâneos, se encaixa na Pop Art. Assim como Andy Warhol transformou a sopa Campbell em um símbolo instantaneamente reconhecível, Katz transformou seu círculo de familiares e amigos em ícones visualmente arrebatadores.

Sua volta frequente aos temas preferidos, como a sua esposa, os banhistas ao lado de piscinas e a paisagem tranquila do Maine, encoraja a recepção de seu trabalho como uma celebração alegre do cotidiano da classe média norte-americana.

Ideias centrais

Katz afirmou que sua arte era sobre “superfície”, que pode ser entendido tanto em termos de sua propensão para pintar campos planos de cores e linhas limpas, quanto no fato de que suas imagens não são psicologicamente complexas.

As obras de Katz superam a distância entre as tradições de abstração e figuração. Por exemplo, sua escolha de escala monumental intensifica as linhas, contornos, cores, formas e sua técnica, de modo que esses elementos formais equilibrem a matéria figurativa.

Infância

Alex Katz nasceu na região de Sheepshead Bay, Brooklyn, em 1927, e cresceu em St. Albans, Queens. Começou a desenhar em uma idade adiantada com seu pai, um homem de negócios, e descobriu que queria estudar exclusivamente arte quando chegou a Woodrow Wilson High School, que oferecia um programa que lhe permitiu dividir o dia entre o ensino acadêmico e as artes.

Embora sua mãe, uma ex-atriz, temesse que uma carreira na arte levaria seu filho a uma vida difícil, a família de Alex encorajava suas aspirações. Seu pai também tinha interesse em arte e arquitetura.

Durante o ensino médio Katz estudou design publicitário, mas encontrou mais prazer em fazer desenhos no estilo antigo. Nesta época, visitou o Museu de Arte Moderna pela primeira vez. Ao lembrar de quando viu as pinturas de Piet Mondrian, afirmou: “Gostei muito da Broadway Boogie Woogie. Achei absurdo quando eu vi pela primeira vez porque era como jazz para mim”.

Primeiros passos

Em 1945, Katz foi recrutado pelas forças armadas e serviu na Marinha por um ano. Buscando continuar seus estudos na arte após seu retorno a Nova York, tentou a admissão na Cooper Union sem expectativas e se surpreendeu quando conseguiu entrar. Ele inicialmente lutou com o currículo, comparando seu próprio progresso com outros estudantes que se formaram em programas preparatórios de arte, mas ficou mais confiante ao estudar com professores como Morris Kantor, Paul Zucker e Robert Gwathmey. Seu crescente interesse pela história da arte e pela pintura logo o afastou de seu foco pretendido em arte comercial e ilustração. Seus primeiros desenhos do final da década de 1940 são consistentes com seus trabalhos posteriores, pois demonstram uma propensão para a forma fortemente contornada e composições simplificadas.

Em 1949, Katz recebeu uma bolsa de estudo de verão na Escola de Arte Skowhegan, no Maine, onde aprendeu com Henry Varnum Poor. A pintura ao ar livre ensinava Katz a trabalhar espontaneamente, o que dava liberdade e urgência às suas pinceladas, semelhante às qualidades que admirava em composições de Jackson Pollock. Suas primeiras pinturas retratam árvores contra um fundo cheio de luz, enfatizando a energia e a sensação ao invés de uma representação exata da paisagem. Essas obras foram exibidas em sua primeira exposição individual na Roko Gallery em 1954, e também em uma exposição conjunta com Lois Dodd na Tanager Gallery da 10th Street.

Através dessas exposições, Katz foi introduzido na cena da 10th Street e ao trabalho de Nell Blaine, Jane Freilicher e Larry Rivers. Impressionados pelo estilo figurativo “aberto”, Katz começou a pintar de forma semelhante. Uma de suas primeiras pinturas figurativas, Four Children (1951), foi baseada em uma fotografia, mas mostra pouca preocupação com a representação realista. Trabalhar nas pinturas a partir de fotografia levou Katz a considerar o desenvolvimento de uma abordagem moderna da pintura figurativa, que então era considerada antiquada. Com a esperança de encontrar um equilíbrio entre o tradicional e o contemporâneo, Katz decidiu se concentrar no retrato e construir seu estilo de pintura ao combinar técnicas tradicionais, seu treinamento modernista e as experiências com pintura direta em Skowhegan.

Alex Katz, Ada Orange Hat

Orange Hat, from Alex and Ada, the 1960’s to the 1980’s

Maturidade

Em 1957, Katz conheceu Ada del Moro em uma vernissage. Eles se casaram no ano seguinte e Ada tornou-se o tema mais freqüente de suas pinturas. Nesta altura, Katz tinha amadurecido seu estilo, pintando seus retratos finamente e deliberadamente em oposição direta à abordagem gestual da pintura de ação. Pintando tanto em Nova York quanto no Maine, seus temas variam de retratos, cenas de lazer de verão, temas simplificados de paisagem e representações tipicamente planas. As colagens, iniciadas em 1955, enfatizaram ainda mais a distância entre seu próprio estilo e o Expressionismo abstrato, usando formatos inesperadamente pequenos e formas cuidadosamente aparadas, como em Ada in the Water (1958). Katz começou a usar recortes para acomodar figuras em pedaços de madeira em 1959, conceito desenvolvido em uma série de “esculturas” planas e retratos.

A mídia e a cultura comercial desempenharam um papel importante no trabalho de Katz na década de 1960, que se inspirou no cinema, televisão e propaganda. Seu talento dramático foi bem usado em trajes e cenários pelo coreógrafo Paul Taylor, começando no início da década de 1960 e culminando em um interesse vital na música e na dança. Katz também começou a fazer retratos coletivos, que continuaram a dominar seu corpo de trabalho durante a década de 1970. Usando as pessoas ao seu redor como modelos, essas pinturas resultaram em um fascinante registro histórico de seu círculo de artistas, poetas, escritores e críticos.

Alex Katz, ‘Black Brook’, 2014

Últimas décadas

Na década de 1980, Katz continuou a se concentrar nos retratos e levou suas paisagens a uma direção nova e maior, exemplificada pelas pinturas Black Brook. Os riachos, temas frequentes das telas de Katz nesta mesma década, eram retratados em paisagens noturna. Praticamente desprovidos de cor, essas peças permanecem na fronteira com o abstrato, com o uso de traços pesados e as familiares áreas planas de cor.

Atraído pelas possibilidades do contraste entre luz e escuridão, ele também embarcou em uma série de pinturas noturnas urbanas que criam uma atmosfera semelhante às paisagens urbanas isoladas de Edward Hopper. Katz alcançou seu reconhecimento pelo Whitney Museum of American Art, que montou sua primeira grande retrospectiva em 1986. Apesar desse sucesso, Katz fez um esforço para continuar desafiando-se artisticamente através da exploração de diferentes assuntos, cores, texturas e efeitos de luz .

Katz mantem seu estúdio no SoHo, em Nova York, no mesmo edifício cooperativo de artistas onde vive e trabalha desde 1968.

Alex Katz, Bathers (1959), 121.9 x 182.9 cm

Legado

Hoje, a arte de Katz permanece como representante do enlace feliz entre o realismo e os movimentos que questionaram os seus fundamentos. O mundo da arte na década de 1990 e além não estava mais comprometido com as regras e expectativas do legado modernista, o que permitiu maior interesse pela arte de Katz.

A ênfase de Katz no icônico – ou mesmo no inexpressivo – ao invés da expressividade, e seu primeiro plano na “superfície das coisas” tem sido inspirador para os artistas mais jovens.

Embora tenha sido, certa vez, ridicularizado pelo crítico modernista Clement Greenberg, hoje vários escritores e colecionadores de alto nível (como Carter Ratcliffe, Robert Storr e Charles Saatchi) promovem ativamente a arte de Katz e, com este impulsionamento, sua influência só cresce. Katz é admirado hoje por sustentar uma aura distinta, evidenciada pela manifestação descomplicada de bem-estar de suas figuras, assim como por sua individualidade e distinção dos movimentos que dominaram a arte do século XX.

Alex Katz, Reflection 7, 2008

Alex Katz, Reflection 7, 2008

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