Ernesto Neto planeja transformar estação ferroviária de Zurique em floresta tropical

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O artista brasileiro, em colaboração com a Fondation Beyeler, vai construir uma enorme cobertura de árvores sobre a estação ferroviária mais movimentada de Zurique.

O artista brasileiro Ernesto Neto está criando uma instalação espetacular que levará o espírito da floresta amazônica – e possivelmente alguns de seus habitantes – à principal estação ferroviária de Zurique. Chamado de GaiaMotherTree, o projeto organizado pela Fondation Beyeler deve ser inaugurado no início de junho deste ano.

Durante oito semanas, Neto irá transformar o espaço um ponto de encontro sob um “dossel de árvores”, feito à mão a partir de tiras de algodão colorido com corantes naturais. Os “ramos” pendurados na escultura de 20 metros de altura serão preenchidos com especiarias aromáticas e folhas secas. Abaixo do dossel, os visitantes poderão acessar um espaço projetado pelo artista através de um túnel.

Estação histórica de trem em Zurique

Sam Keller, diretor da Fondation Beyeler em Riehen, perto de Basileia, disse à Artnet News que a estação ferroviária suíça é o equivalente europeu da Grand Central de Nova York e estima que “quase meio milhão de pessoas” passam pelo saguão diariamente. Ele espera que a instalação de Neto se torne a obra de arte contemporânea mais visitada da Suíça. Esses visitantes incluirão inevitavelmente as pessoas que passam por Zurique com destino a Art Basel, que vai de 14 a 17 de junho.

A instalação é o projeto de arte pública mais ambicioso de Beyeler em 20 anos, disse Keller. É comparada apenas a Wrapped Trees (1997-98), de Christo e Jeanne-Claude, quando os artistas cobriram mais de 100 árvores com tecido nos prados que cercam a instituição.

GaiaMotherTree será mais do que uma “escultura maravilhosa”, disse Keller. Ela também será um espaço para meditação, educação e programação pública bem “no meio da agitada estação ferroviária”.

Ernesto Neto tem sido influenciado pela cultura e os costumes do povo indígena Huni Kuin

Ernesto Neto tem sido influenciado pela cultura e os costumes do povo indígena Huni Kuin

O evento também poderá receber uma visita dos Huni Kuin, indígenas que vivem na Amazônia perto da fronteira com o Peru. Uma delegação viajou à Itália para a prévia da Bienal de Veneza do ano passado, para ajudar a inaugurar o trabalho de Neto no Arsenale, que foi inspirado de maneira semelhante pelas tradições e rituais de Huni Kuin.

Nos últimos anos, Neto voltou sua atenção para uma nova série de obras, que ele está realizando em cooperação com os Huni Kuin, comunidade indígena que vive na região amazônica perto da fronteira brasileira com o Peru. A cultura e os costumes dos Huni Kuin, suas habilidades de conhecimento e artesanato, seu sentido estético, seus valores, sua visão de mundo e sua conexão espiritual com a natureza transformaram a concepção de arte de Neto e se tornaram elementos integrantes de sua prática artística.

Keller, que estava providenciando os vistos para a visita dos Huni Kuin no final do ano passado, confirmou que parte da programação auxiliar envolveria os povos indígenas “não apenas do Brasil, mas de diferentes lugares”. Música, oficinas, visitas guiadas e mesas-redondas devem acontecer dentro da instalação.

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