“Empty Man” apresenta trabalhos realizados pelo artista entre a década de 1980 e 1993
José Leonilson (1957-1993) surgiu como artista durante a geração dos anos 80 no Brasil. O que ele compartilhou com este meio artístico diversificado foi a chamada “alegria da pintura”, redescoberta nos anos que se seguiram ao fim da ditadura brasileira. O que o separou de seus contemporâneos foi sua maneira pessoal de trabalhar e sua estética distinta, centrada em sentimentos cruéis, reflexões introspectivas e assuntos privados.
Com curadoria de Cecilia Brunson, Gabriela Rangel e Susanna V. Temkin, a Americas Society de Nova York apresenta “José Leonilson: Empty Man”, primeira individual deste artista-chave brasileiro nos Estados Unidos. Concentrando-se na produção de Leonilson como artista maduro, a mostra exibe cerca de cinquenta pinturas, desenhos e bordados íntimos, criados entre meados da década de 1980 até 1993, quando o artista faleceu por complicações de saúde decorrentes da AIDS. Este período curto e prolífico mostra a linguagem totalmente desenvolvida do artista, ligando a obra de Leonilson com práticas de arte contemporânea, tradições brasileiras e questões globais provocadas pela crise da AIDS.
Ao tomar como ponto de partida as obras produzidas durante os últimos três anos de sua vida e movendo-se para trás, até a década de 1980, a exposição mostra a jornada artística de Leonilson seguindo a cronologia inversa de T.S. Eliot: “in the beginning is my end. In my end is my beginning”.
Editado por Karen Marta e Gabriela Rangel, uma publicação totalmente ilustrada com textos inéditos está sendo produzida em conjunto com a exposição. O livro, com design de Garrick Gott, contará com ensaios dos curadores da mostra, assim como textos de convidados como Jenni Sorkin (Universidade da Califórnia em Santa Bárbara), Luis Enrique Pérez Oramas (escritor e historiador de arte) e Yuji Kawasima (Universidade Complutense em Madri). A exposição permanece em cartaz até 3 de fevereiro de 2018.
Sobre Leonilson
Nascido em Fortaleza em 1957, Leonilson estudou na Escola Pan-Americana de Arte e na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) em São Paulo. Integrante da exposição que definiu uma geração, “Como vai você, Geração 80?”, ele emergiu como uma figura seminal do mundo da arte contemporânea brasileira durante esta década. Ao longo de sua carreira, Leonilson viajou extensivamente por toda a Europa. Suas pinturas, desenhos e instalações foram apresentadas em mostras individuais e coletivas na França, Alemanha, Itália e Espanha, além de muitas exposições realizadas no Brasil.
Em 1991, o artista foi diagnosticado com HIV, o que compeliu a uma mudança decisiva em sua carreira, já que Leonilson começou a desenvolver seus bordados íntimos, uma prática que ele continuou até sua morte em 1993, aos 36 anos. As obras de Leonilson estão em grandes coleções públicas e privadas como o Centre Pompidou; Colección Patricia Phelps de Cisneros; Los Angeles County Museum of Art; Museo de Arte Contemporáneo de Barcelona; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museum of Modern Art, Nova York; Tate Modern, Londres; The Museum of Fine Arts, Houston, entre outros.