A exposição reunirá cerca de 130 obras desta artista fundamental para a Arte Moderna da América Latina
Com “Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil”, o MoMA e o Art Institute of Chicago apresentarão a primeira exposição na América do Norte dedicada exclusivamente ao trabalho pioneiro de Tarsila do Amaral (1886-1973), uma das maiores artistas brasileiras do século XX.
Em cartaz no MoMA entre 11 de fevereiro a 3 de junho de 2018, a exposição se concentra na produção de Tarsila na década de 1920, rastreando o caminho de suas contribuições inovadoras através de aproximadamente 130 obras, incluindo pinturas, desenhos, cadernos e fotografias vindas de coleções nos Estados Unidos, América Latina e Europa. Antes de sua apresentação no MoMA, a exposição ocupará o Art Institute of Chicago entre 8 de outubro de 2017 e 7 de janeiro de 2018.
Abaporu e o Manifesto Antropofágico
Figura fundamental na história da arte moderna na América Latina, Tarsila do Amaral nasceu em São Paulo, na virada do século XIX. Estudou piano, escultura e desenho antes de partir para Paris em 1920, onde frequentou a Académie Julian. Estudou com André Lhote, Albert Gleizes e Fernand Léger, chegando finalmente a um estilo característico, usando linhas sintéticas e volumes sensíveis para representar paisagens em uma paleta de cores ricas.
Em janeiro de 1928, ela pintou Abaporu – uma figura alongada e isolada com um cacto em flor – que inspirou o Manifesto Antropofágico, escrito pelo seu marido, o poeta modernista Oswald de Andrade, que rapidamente se tornou uma bandeira para esse movimento artístico transformador que procurou superar as influências externas e fazer uma arte para o Brasil e sobre ele.
Na década de 1960 e 1970, uma nova geração de artistas redescobriu a Antropofagia e também Tarsila do Amaral. Os temas e as motivações por trás de seu corpo de trabalho foram revisados por artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica, seguidos pela geração de artistas associados ao movimento Tropicália, como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Hoje, quase 90 anos após a produção de Abaporu, a arte de Tarsila continua a ser um testemunho convincente de um capítulo crucial no modernismo latino-americano.
Retrospectiva merecida
Servindo como uma introdução há muito atrasada à esta grande modernista brasileira para o público norte-americano, a exposição destacará a produção do artista na década de 1920 e suas contribuições críticas para o nascimento da arte moderna no Brasil.
Combinando exibição cronológica com uma abordagem temática, a mostra examinará a carreira de Tarsila, desde as primeiras obras parisienses, até as pinturas modernistas emblemáticas produzidas após seu retorno ao Brasil, culminando com suas obras de grande formato e socialmente orientadas do início da década de 1930. O ponto alto da exposição é a reunião de três pinturas históricas: A Negra (1923), Abaporu (1928) e Antropofagia (1929), uma série transformadora de obras que foram exibidas pela última vez em conjunto na América do Norte em 1993, na exposição do MoMA “Latin American Artists of the Twentieth Century”.
A exposição também incluirá o primeiro trabalho de Tarsila a entrar para a coleção do museu, o recentemente adquirido Estudo para a Composição (Figura solitária) III (1930), juntamente com a pintura Figura solitária (1930). O desenho é o último de uma série de esboços que prefiguram a pintura, o que reflete a crescente sintetização surrealista de Tarsila e é o ponto culminante da década mais prolífica de sua produção. No desenho, uma figura solitária com o cabelo soprado pelo vento está de costas para o espectador, evocando uma sensação de melancolia. Naquele ano, o casamento da artista com Oswald de Andrade terminou e, com o colapso da economia brasileira e as perdas econômicas de sua família, assumiu o cargo de primeiro catalogador da Pinacoteca do Estado de São Paulo, concluindo sua rica produção artística na década de 1920.
A exposição será acompanhada por um catálogo ricamente ilustrado, apresentando pinturas, desenhos, cartas e fotografias de Tarsila e oferecendo uma visão geral deste período crítico em sua carreira. Os ensaios de Luis Pérez-Oramas e Stephanie D’Alessandro examinam a produção do artista da década de 1920 e seu legado duradouro e são acompanhados por uma seção documental ilustrada, uma tradução de textos críticos, uma cronologia e uma extensa bibliografia.