Seguindo as novas tendências globais, o mercado de arte aos poucos vai se rendendo ao comércio online
As descobertas do relatório “TEFAF Art Market: Online Focus” destacam a tensão entre a promessa de alcançar uma vasta base de clientes global e o desafio de manter a abordagem de vendas orientada pelo relacionamento – que vem dominando o mercado de arte há séculos. O relatório analisa ainda a extensão das oportunidades digitais ampliadas pelo mundo da arte e o impacto que as novas tecnologias apresentam sobre ele.
A pesquisa, realizada junto a cerca de 700 comerciantes de arte, descobriu que uma ampla maioria mantém negócios lucrativos de comércio eletrônico, mas um quinto ainda diz não ter planos para atuar online.
Quase dois terços dos dealers, ou 64%, disseram vender arte e antiguidades online. Já as casas de leilão foram mais rápidas para entrar no mercado virtual, com aproximadamente 8% das vendas de leilões de arte acontecendo online.
As renomadas casas internacionais de leilão lideram o comércio eletrônico e engajamento online, aproveitando suas marcas para abrir vantagem no mercado virtual. Estas casas usam o comércio eletrônico, seja através do desenvolvimento de suas próprias plataformas ou do uso de plataformas de terceiros, para atingir novos compradores e colecionadores, uma tendência que provavelmente só irá crescer.
Os dealers, em contrapartida, estão demorando a se adaptaras às novas tecnologias, com apenas um terço das operações realizadas online e com 20% das galerias e marchands afirmando que não têm intenção de migrar para a internet. Embora o mercado para venda de antiguidades online seja pequeno, o relatório apontou 18,8% de crescimento, o que significa que apesar do baixo engajamento, as vendas online estão em expansão.
Novas gerações, novas tendências
O crescimento mais rápido é observado na venda de peças com preços mais baixos, o que traz novos compradores ao mercado. O crescimento no topo do mercado vem sendo limitado por questões de confiança e transparência, mas os avanços na tecnologia minimizar estas questões.
Jovens colecionadores e millennials (ou Geração Y), que costumam organizar suas vidas através de dispositivos eletrônicos e estão totalmente à vontade para comprar arte e produtos de luxo online, são de vital importância para o crescimento futuro deste mercado.
Até agora, nenhum “player” de peso emergiu do mercado online, mas aqueles que estão onovando e desenvolvendo seu portifólio de produtos – como a Artsy, 1st Dibs e Invaluable – estão obtendo sucesso neste competitivo ambiente de mercado. Há uma reestruturação para este segmento, já que os demais modelos de negócios também estão à prova.
Não há dúvida de que o potencial dos canais digitais e mobile impactarão o negócio da arte. O relatório confirma as suposições da que a TEFAF havia lançado sobre o comprometimento dos dealers em relação às oportunidades que o comércio eletrônico oferece.
Primeira edição do relatório com foco no online
Esta é a primeira vez que a TEFAF, prestigiada feira de arte reconhecida por sua política rigorosa de verificação, lançou um relatório complementar, focado no mercado de arte online e na análise anual do estado e tamanho do mercado de arte como um todo. As respostas da pesquisa (673 participantes, dentre 8.000 convidados) mostram que pouco menos de 60% relataram que seu negócio de comércio eletrônico foi rentável em 2016.
O comércio eletrônico é definido, para o propósito do relatório, como “o papel que o cenário digital reproduz ativamente no mundo da arte” e inclui as transações realizadas online e funções não-transacionais, como o marketing através de canais de mídia social. Não ficou claro no relatório como os marchands definiram como essas atividades abrangentes contribuíram para o lucro ou prejuízo líquido em seus negócios.
O relatório, no entanto, destacou uma tendência inevitável, que deve encorajar as galerias a se envolver no mercado online: os dados demográficos. Compradores mais jovens, que cresceram conectados, são mais propensos a se sentir confortáveis comprando arte (e todo o resto) online. O relatório da TEFAF aponta que, dos americanos entre 25 e 34 anos, 57% estão confortáveis comprando arte online.
Da mesma forma, o Hiscox Online Art Trade Report, divulgado em abril, levantou que metade dos 758 compradores de arte pesquisados disseram que planejam comprar online mais arte e artigos de coleção no próximo ano, uma parcela que subiu para 59% entre os entrevistados com menos de 35 anos.
Enquanto as vendas em leilões caíram em 2016 em relação ao ano anterior, tanto a Sotheby’s quanto a Christie’s relataram aumentos significativos nas vendas online. Na Christie’s, a soma chegou a US $ 217 milhões, enquanto as vendas online da Sotheby’s aumentaram 20% em relação ao ano anterior, chegando a US$ 155 milhões.