Lelong abre a primeira exposição abrangente nos EUA sobre o Grupo Frente

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A galeria de Nova York reúne obras do histórico grupo carioca, formado por nomes como Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape

A Galerie Lelong de Nova York dedica uma exposição abrangente do histórico grupo de artistas cariocas, com obras de Lygia Clark, Hélio Oiticica, Abraham Palatnik, Lygia Pape e Ivan Serpa. A mostra, que permanece em cartaz até 5 de agosto, também lança luz sobre os membros menos conhecidos, como Aluísio Carvão, João José Costa, Rubem Ludolf, César Oiticica e Décio Vieira.

O Grupo Frente

O Grupo Frente esteve na vanguarda dos coletivos de artistas da região entre 1954 e 1956, abordando a arte através de um compromisso rigoroso com a experimentação e a missão social. O fundador do Grupo Frente, Ivan Serpa, era um pintor abstrato emergente e educador de arte no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro quando formou o grupo em 1954.

A missão principal do coletivo era uma dedicação rígida à experimentação com técnica e material, enquanto mantinha um abordagem honesta baseada em pesquisa. O tríptico Sem título (1955), de Serpa, é parte de uma série de experimentos de textura usando símbolos alfabéticos das máquinas de escrever e demonstra seu interesse pelas formas em série e repetição.

Aluísio Carvão, Untitled, c. 1950

Aluísio Carvão, Untitled, c. 1950

Muitos artistas do Grupo Frente foram pioneiros em importantes movimentos visuais e continuam a se destacar no mundo da arte. Lygia Clark, Hélio Oiticica e os estudos inovadores de linha, forma e cor de Lygia Pape foram fundamentais para a formação do movimento Neo-Concreto (1959-61). A Superfície Modulada (1956) de Clark explora a abertura do espaço em uma superfície bidimensional através de planos separados por uma fissura apertada – um conceito que a artista desdobraria para a terceira dimensão no Neo-Concretismo. Da mesma forma, os guaches em papelão de Oiticica demonstram uma compreensão intuitiva da cor e sensibilidade ao ritmo que ele mais tarde transportaria para um espaço físico.

Através de sua Tecelares, Pape propôs uma função alternativa para gravuras em madeira, então consideradas uma tradição artesanal; o suporte torna-se um protagonista nessas investigações espaciais, já que a textura do do bloco de madeira torna-se um elemento da composição. Junto com Clark e Oiticica, Pape se tornaria uma artista proeminente do século XX, conhecida por desafiar a relação entre o objeto de arte e o espectador.

O Grupo Frente chega em um momento de crescente atenção aos artistas latino-americanos e suas contribuições, muitas vezes esquecidas, à arte do século XX. Entre os artistas do Grupo Frente que tiveram exposições individuais recentes em Nova York estão Lygia Clark (The Abandonment of Art, 1948-1988, MoMA; e Modulate Space, Luhring Augustine); Hélio Oiticica (To Organize Delirium, no Whitney Museum of American Art);  e Lygia Pape (A Multitude of Formsm, no The Met Breuer).

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