No Heritage, novas obras celebram o poeta futurista Velimir Khlebnikov, como parte das comemorações do centenário da Revolução de 1917
O State Hermitage Museum apresenta a primeira exposição individual de Anselm Kiefer na Rússia, como parte de sua comemoração do centenário da Revolução Russa.
“Anselm Kiefer, for Velimir Khlebnikov: Fates of Nations”, que permanece em exibição até 3 de setembro, é organizado em parceria com a Galerie Thaddaeus Ropac, que representa o artista alemão. Com cerca de 30 novos trabalhos inspirados na visita de Kiefer a São Petersburgo no ano passado, a mostra é dedicada ao poeta futurista russo Velimir Khlebnikov.
Kiefer e Khlebnikov
Em 2016, Anselm Kiefer, inspirado em sua visita a São Petersburgo, criou um novo projeto de exposição especialmente para o Hermitage Museum. O espaço triádico do colossal Nikolaevsky Hall do Winter Palace foi o escolhido por Kiefer para exibir cerca de 30 novas obras dedicadas ao poeta futurista russo Velimir Khlebnikov (1885-1922).
Para Kiefer, a produção poética é frequentemente um ponto de partida: “Eu penso em imagens. Os poemas me ajudam com isso. Eles são como boias no mar. Eu nado para eles, de um para o outro. No meio, sem eles, estou perdido. Eles são os apoios onde as coisas se aglutinam na extensão infinita “.
Uma das ideias centrais de Khlebnikov é que as principais batalhas se repetem em ciclos intermiáveis, a cada 317 anos. Esta previsão foi, para Kiefer, o fio condutor da reflexão sobre temas de guerra e paz, a fugacidade e a finitude de todas as aspirações humanas e a implacabilidade do destino.
A exposição
Dimitri Ozerkov, chefe do departamento de arte contemporânea do Hermitage e co-curador da mostra, a classifica como “o principal evento do Hermitage para o Centenário da Revolução”.
“Nem todos vão gostar desta exposição”, diz o diretor do museu, Mikhail Piotrovsky, no catálogo da exposição. “É rigorosa e exige reflexão”. Ela “fala de coisas complexas: o espírito alemão, o misticismo, a Cabala, o Holocausto”.
Kiefer foi inspirado pela teoria numerológica da história de Khlebnikov, que se baseou nas grandes batalhas do passado para predizer futuros cataclismas. O poeta foi saudado como o Rei do Tempo, prevendo em um panfleto de 1912 que o estado cairia em 1917. Ele era “um poeta da revolução e um revolucionário da linguagem poética”, de acordo com Piotrovsky.
A exposição também inclui fotos de torres em chamas que “inevitavelmente levam o espectador de volta ao 11 de setembro”, escreve Piotrovsky, revelando outra conexão entre o artista e o poeta. Seu ensaio cita o poema de 1919, “Ladomir” (país das luzes), de Khlebnikov, como uma profecia do desastre:
And the castles of world trade
Where the chains of poverty shine
With a face of malevolence and rapture,
One day you will turn to ash.