O retrato estava em posse de um dos assistentes da artista e agora volta ao mercado, em um leilão dedicado à produção de arte latino-americana
Durante seis décadas, o paradeiro da tela “Niña Com Collar” (1929) de Frida Kahlo permaneceu desconhecido. A única evidencia da existência deste retrato a óleo era uma fotografia em preto e branco tirada por Lola Álvarez Bravo, para o catálogo raisonée da artista feito em 1988. Agora, o trabalho ressurge na Sotheby’s e é um dos destaques das vendas do leilão “Latin America: Modern Art”, estimada entre US$ 1,5 e US$ 2 milhões.
A tela permaneceu com um único dono, um dos ex-assistentes do artista, desde 1955 – um ano após a morte de Kahlo, aos 47 anos de idade. Como sinal de gratidão, Diego Rivera – seu marido – deu o quadro de presente a um dos assistentes, que trabalhava no estúdio da artista na Cidade do México.
Hoje considerada um ícone do surrealismo, Kahlo não era reconhecida na época. Segundo Axel Stein, diretor de arte latino-americana da Sotheby’s, o proprietário não permaneceu com a obra por razoes monetárias. “É algo muito querido e ele não queria se separar da tela”, disse Stein, observando que o dono está agora com 90 anos.
O proprietário deixou o México, com a pintura em posse, ainda na década de 1950; um detalhe importante já que o país tem agora estritas leis de proteção ao patrimônio nacional, que impedem a exportação de obras de determinados artistas – entre eles, Frida Kahlo.
As obras de Kahlo são relativamente raras no mercado, já que ela produziu não mais do que 200 obras durante sua trajetória. Este ano, “Dos Desnudos em el Bosque (La Tierra Misma)”, de 1939, foi vendida na Christie’s por US$ 8 milhões, estabelecendo um preço recorde para a artista.
Esta pequena produção torna excitante qualquer redescoberta de um de seus trabalhos. Niña Com Collar, em especial, é rico em tons e notável, especialmente quanto comparado a imagem em preto e branco que há tanto tempo o representa. Embora não seja um autorretrato, a pintura é adornada com características semelhantes às que Kahlo usou para descrever a si mesma, como a sobrancelha peculiar e o colar.
A tela poderá ver vista na exposição do leilão, a partir de 19 de novembro. O leilão acontece no dia 22, em Nova York.
