No último ato do que parece ser uma queda de braço entre magnatas do mundo do luxo, François Pinault acaba de anunciar que abrirá um museu para mostrar sua coleção particular em Paris, um ano depois que Bernard Arnault abriu sua Fundação Louis Vuitton, um espalhafatoso projeto de Frank Gehry no Bois de Boulogne. As milhares de obras das maiores grifes da arte contemporânea acumuladas por Pinault, também dono da casa de leilões Christie’s, já têm endereço na capital francesa. Elas vão para a antiga Bourse de Commerce, no coração de Paris, perto de Les Halles, região de um centro comercial que passa por um “extreme makeover” ao longo da última década.
Pinault já tinha tentado instalar seu museu numa ilha no Sena onde antes funcionava uma fábrica da Renault. Não deu certo, e o empresário então comprou dois palácios em Veneza, o Palazzo Grassi e a Punta della Dogana, espaços entre os mais badalados do circuito veneziano que acabam de festejar seu aniversário de dez anos com uma série de novas – e enormes – exposições.
Seu novo museu, anunciado numa entrevista coletiva junto da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, reforça a onda global de bilionários com um museu para chamar de seu. Nos últimos anos, além de seu arquirrival Arnault, com quem disputou o controle da marca Gucci, outros endinheirados abriram instituições. Na lista, estão o mexicano Miguel López, herdeiro da fortuna da empresa de bebidas Jumex, seu conterrâneo Carlos Slim, que construiu um museu de formas kitsch na Cidade do México, a russa Dasha Zukhova, mulher do bilionário Roman Abramovich, que escalou Rem Koolhaas para construir seu museu em Moscou, e o brasileiro Bernardo Paz, do Instituto Inhotim.
Publicado originalmente por Silas Martí em 27/04/2016, no blog Plástico da Folha de S. Paulo