A partir de quinta (7), a SP-Arte – Feira Internacional de Arte de São Paulo inicia no Pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, sua 12ª edição —o evento é a maior feira de arte da América Latina.
“A SP-Arte é uma forma de reforçar a arte brasileira, além de alavancar o mercado e colocar as galerias em contato com potenciais colecionadores”, diz a galerista Marilia Razuk. Sua galeria é parte dos cerca de 120 participantes, nacionais e estrangeiros, que colocam em exibição e à venda obras de seus artistas.
Tamanha a importância da feira, sua data de realização costuma concentrar um grande número de aberturas de exposições na cidade. Neste sábado (2), a Nara Roesler inaugura individuais de René Francisco e Antonio Dias. Daí em diante, a semana é agitada —com direito a drinques em galerias na segunda (4) e na terça (5).
Para você ir treinando o olhar para visitar a feira, o “Guia” reuniu 17 estreias de mostras em galerias, que ocorrem até quarta (6). Olhares aquecidos, hora de desbravar a SP-Arte: tem estreia de um setor de design, espaço de performance, bate-papos e outras atrações.
SP-Arte – Pavilhão da Bienal – pq. Ibirapuera – av. Pedro Álvares Cabral, portão 3, tel. 3259-6866. Qui. a sáb.: 13h às 21h. Dom.: 11h às 19h. Até 10/4. Ingr.: R$ 40.
*
A NOVIDADE
Pela primeira vez, a SP-Arte dedica uma área exclusiva ao design. Instalado no terceiro andar, o espaço irá receber 23 galerias brasileiras (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia) que se dedicam ao setor. Elas exibem peças criadas no Brasil a partir do século 19. Há, por exemplo, mobiliário de Lina Bo Bardi (1914-1922), Oscar Niemeyer (1907-2012), irmãos Campana, Zanini de Zanine e Zanine Caldas. “O diálogo entre arte, design e arquitetura está cada vez mais simbiótico”, explica a diretora da feira, Fernanda Feitosa. “Ter design em feiras de arte é uma tendência mundial.”
*
EXPOSITORES
Nesta edição, 124 galerias estrangeiras e nacionais (fora as 23 dedicadas às peças de design) exibem suas obras —cada uma apresenta uma média de 30 itens. A paulistana Mendes Wood DM, por exemplo, leva o trabalho do artista americano James Lee Byars (1932-1997). De Nova York, a galeria David Zwirner traz obras da também americana Sherrie Levine.
Para quem for visitar a feira atrás de novidades, Fernanda Feitosa sugere vasculhar o andar térreo. “É onde ficam, por exemplo, artistas jovens que estão iniciando suas carreias”, diz. Novas galerias, como as paulistanas Sé e BFA (Boatos Fine Arts) e a carioca MUV Gallery também integram o time de expositores.
*
NÚCLEOS E PERFORMANCES
Além das obras apresentadas pelas galerias, a feira conta com setores de curadoria própria. Em Solo, Luiza Teixeira de Freitas selecionou trabalhos individuais de artistas de 16 galerias —11 delas estrangeiras. Chance de ver obras do francês Henri Chopin, do espanhol Juan Zamora e do colombiano José Antonio Londoño, que também irá participar, em setembro, da 32º Bienal de São Paulo.
O núcleo Open Plan, que tem curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, reúne grandes instalações ligadas à arquitetura do Pavilhão. Os trabalhos, comissionados pela feira, são de artistas como o italiano Seb Patane e o brasileiro Daniel de Paula.
Por fim, há uma área para performance, que desde 2015 é realizada em parceria com o Centro Universitário Belas Artes. Mais de cem pessoas se inscreveram e dez se apresentam, como Renan Marcondes (qui.(7): 16h às 18h30), que performa com um salto de 30 centímetros, e Alexandre D’Angeli (dom. (10): 14h às 16h), que propõe uma reflexão sobre vestígios imateriais resultantes da ação do homem nas cidades.
*
PUBLICAÇÕES
Cerca de 15 livros de arte serão lançados durante a feira. Na quinta (7), às 15h, o fotógrafo Ruy Teixeira apresenta “Desenho da Utopia” (Editora Olhares), que revisita o mobiliário moderno brasileiro. Já na sexta (8), dia que concentra o maior número de lançamentos, será possível conferir livros como “Di Cavalcanti, Conquistador de Lirismos” (Editora Capivara; 17h). A publicação, coordenada por Denise Mattar e pela filha do artista, Elizabeth Di Cavalcanti, reúne cerca de 200 obras do pintor.
*
TALKS
A programação também contempla conversas gratuitas com convidados, a maioria estrangeiros, que discorrem sobre pautas atuais do universo das artes. Destaque para o bate-papo com Mari Carmen Ramírez, curadora do departamento de arte latino-americana no Museu de Fine Arts, em Houston, com Franklin Sirmans, diretor do Pérez Art Museum Miami (PAMM), e com o arquiteto francês Jean Nouvel. As inscrições devem ser feitas por meio do site brasileiros.com.br. Quem comparecer à palestra ganhará uma entrada para a feira.
Mari Carmen Ramírez – Qui. (7): 10h30, no MAM – Museu de Arte Moderna. Franklin Sirmans– Qui. (7): 11h15, no MAM – Museu de Arte Moderna. Jean Nouvel – Sex. (8): 16h, no Auditório do Ibirapuera
ENTREVISTA FERNANDA FEITOSA
Idealizadora e diretora da SP-Arte
GUIA – A feira é direcionada apenas para a compra e venda de obras de arte?
Fernanda Feitosa – Todas as feiras de arte são feiras comerciais, mas o mercado não é formado somente por pessoas que vendem e compram; ele também é composto de pessoas que gostam de arte. As feiras fazem parte de uma coisa mais ampla que é o circuito de cultura, no qual também há pessoas que compram. A SP-Arte tem uma característica mais próxima de um festival de arte e de cultura do que de um evento somente voltado ao comércio.
Em ano de Bienal, a feira se programa diferente?
Não. Mas em ano de Bienal as pessoas estão mais interessadas e mais curiosas. Às vezes, o que acontece é que trazemos artistas que também estarão na Bienal [como José Antonio Suárez Londoño].
Ao longo desses anos, por quais mudanças a SP-Arte passou?
Feiras de arte são muito dinâmicas e como os participantes são galerias, há uma agilidade inerente ao mercado. É diferente de exposições museológicas, por exemplo. O que a SP-Arte era em 2005 ela já não é mais hoje —começou com uma proposta local e agora é internacional. Nós buscamos estar sempre em sintonia com o que está acontecendo.
A feira costuma movimentar o calendário artístico da cidade. Neste ano, com a crise econômica e política, acha que será diferente?
Normalmente a feira é o primeiro grande evento do ano. A crise é econômica e política, mas não é uma crise na arte. Os artistas estão produzindo e as galerias têm seus calendários mantidos em feiras, por exemplo. Crises vêm e vão, mas o mercado de arte continua firme e forte.
Texto original de MARIANA MARINHO, via Guia da Folha