Pontos de Vista”, Equipe3, XII Bienal Internacional de São Paulo, 1973
EQUIPE3 & ARTE/AÇÃO
GALERIA JAQUELINE MARTINS E SOLAR DA MARQUESA
Entre o final de agosto e início de outubro de 2014, a Galeria Jaqueline Martins apresentará duas exposições que enfocam a produção artística dos grupos Equipe3 e Arte/Acão, considerados por vários críticos e curadores de arte pioneiros incontestáveis na introdução de práticas efêmeras da arte conceitual no Brasil. Ambos realizaram operações absolutamente experimentais, em diálogo com o que, mais tarde, passou a ser conhecido como site-specific, concebendo inúmeros projetos e ações na década de 70. As mostras acontecem na Galeria Jaqueline Martins e no Museu da Cidade de São Paulo / Solar da Marquesa.
Também conhecida como Grupo 3, a Equipe3 foi criada em 1971 pelos artistas Francisco Iñarra (1947 – 2009), Lydia Okamura (1948 – ), e Genilson Soares (1940 – ), e permaneceu com essa formação até 1974, quando Okumura passou a residir em Nova York. Sua produção compreende o período entre 1970 e 1979. Na ocasião, a Equipe3 participou de diversas mostras institucionais incluindo edições nacionais e internacionais da Bienal de São Paulo, como a XII Bienal Internacional em 1973, em que ocuparam o local destinado à sua participação com produções efêmeras e individuais, que indagavam a percepção do espaço por meio de jogos de ilusão de ótica desenvolvidos a partir do contexto arquitetônico.
Já o Arte/Ação tem sua origem na Equipe3, e é formado por Iñarra e Soares, que, com a partida de Okumura, prosseguem trabalhando juntos. Sua produção acontece entre 1974 e 1979, e inclui, entre outras, participação na Bienal Nacional de 1974 com a proposta Num Espaço Apertado. Em 1975 a dupla inicia uma série de trabalhos com apropriações de obras de outros artistas, como Chihiro Shimotani, Giorgio de Chirico e Marino Marini, pertencentes ao acervo do MAC/USP, proposições as quais denominam de Arte/Ação, nome que o grupo (Iñarra e Soares) passa a adotar. Numa dessas apropriações, Evento com a Pedra Event, a dupla retira clandestinamente uma peça da instalação de Shimotani, a pedra Event, e a leva para um “passeio” no entorno do museu. Partindo da premissa “documentar é expressar”, conceito cunhado pelo grupo, a ação se desdobra em uma série fotográfica, como muitas de suas propostas.
A mostra na galeria, contra o estado das coisas – anos 70, tem curadoria de Mirtes Marins, e será composta por documentos e projetos para instalações que registram a produção da Equipe3 e do Arte/Ação. A exposição abre em 28 de agosto de 2014, às 18h, e termina em 04 de outubro de 2014.
A exposição Equipe3 1973 – 2014, com curadoria da inglesa Isobel Whitelegg, enfoca somente a produção da Equipe3, apresentando ao publico uma instalação marcante na historia da arte brasileira, intitulada Pontos de Vista, projeto apresentado pela Equipe na Bienal Internacional de São Paulo de 1973, além de documentação do processo de trabalho do grupo. A obra e os registros levantam discussões que validam a pertinência e vigência das mesmas 40 anos depois. A exposição no Solar abre no dia 30 de agosto às 13h, e estará aberta para visitação até 12 de outubro de 2014. A participação de Whitelegg no projeto ratifica a condição universal das propostas dos membros da Equipe3.
Também farão parte de ambas exposições fotografias documentais das montagens iniciais das instalações, explicitando o viés histórico da proposta e reforçaram pertinentemente a condição de ambas Equipe3 e Arte/Ação como pioneiros na valorização do registro fotográfico como manifestação artística no Brasil. No marco da 31a Bienal Internacional de São Paulo, as duas mostras oferecerão ao público, a possibilidade de avaliar em dois espaços físicos diferentes a permanência plástica e visual de suas produções.