A exposição Gestos – Até os olhos da ilha, com os projetos Good Luck, de Lin Yi-Hsuan, e Pool Battle, de Chen Ching-Yuan, apresenta a mais recente produção dos dois artistas de Taiwan. Artistas que, em suas obras, abordam o cotidiano, o doméstico, o particular transmutado em universal. O conjunto manifesta, também, como a arte não se faz numa única direção, sem regressões e retomadas; atesta que não é de reprodução da realidade, mas de invenção, que ela se concretiza, o que fica evidenciado na medida em que cada obra remete mais a si mesma que àquilo que lhe deu origem.
As obras, que abordam a indefinição do transitório, materializam-se em formas que se configuram sobre diferentes suportes (pinturas, desenhos, esculturas). Com o manejo das áreas de cor, alterações de escalas e da densidade dos materiais que tendem a flutuar, elas aportam uma “materialidade adicional” que reforça o papel do sensorial na recepção.
Em Good Luck, Lin sugere, a partir de representações abstratas carregadas de lirismo e plasticidade, possibilidades nas relações humanas, e processos de convivência e comportamento perante o outro e si mesmo.
Em Pool Battle, Chen nos condiciona à abordagem e avaliação de representações atemporais. Carregadas de um simbolismo particular, as obras do artista são concebidas a partir de um fundamento político fora de uma classificação cronológica ou temática. A imprecisão espacial e temporal, e, sobretudo, a configuração da representação possibilitam a inserção, metafórica ou literal, de cada uma das peças, ou do conjunto, em contextos e realidades particulares.
Nas obras da exposição, manifestam-se a cuidadosa e elevada sensibilidade e a qualidade autoral de Lin e Chen. No conjunto de obras dos dois artistas, evidenciam-se processos nos quais prevalece um sentimento convertido em manifesto. Manifesto elaborado a partir de estratégias pictóricas, construídas minuciosamente, que concluem sua definição quando representados e configurados os “olhos da Ilha”.