As cidades do mundo pela lente de renomados fotógrafos do país dos anos 30 até os dias de hoje
O MASP abre na próxima sexta-feira, 13 de junho, um inédito recorte curatorial sobre a coleção de fotos do museu em mostra com 70 obras de 50 dos principais fotógrafos brasileiros nos últimos 80 anos. Em Cidades invisíveis, com curadoria de Teixeira Coelho, a maioria dos trabalhos pertence à coleção Pirelli MASP – o mais completo painel da arte fotográfica no país, com mais 1100 obras reunidas em 19 edições, de 1991 e 2012. Foram selecionadas obras de artistas como Thomas Farkas, Pierre Verger, Geraldo de Barros, Odires Mlászho, Miguel Rio Branco, João Musa, Cassio Vasconcelos, Bob Wolfenson, Ricardo Barcelos e muitos.
O título da mostra, que será apresentada no Mezanino do 1º Subsolo, é uma citação à obra homônima de Italo Calvino, fato sobre o qual o curador aqui escreve:
CIDADES INVISÍVEIS nas fotos da Coleção Pirelli MASP
Cidades são sempre invisíveis – quase todas as cidades. Por isso, e para se colocarem ao alcance das pessoas, precisam ser reduzidas a um símbolo: a parte pelo todo, como o MASP para designar São Paulo (antes foi o prédio Martinelli ou o do Banco do Estado), a Torre Eiffel no lugar de Paris, o Empire State Building para Nova York, o Parlamento em Londres…
E as cidades são tão mais invisíveis quanto maiores forem: dentro de uma grande cidade, cada um vive numa área delimitada, bem menor que o todo, sem por vezes jamais conhecer nem mesmo zonas adjacentes.
O paradoxo é bem este: as cidades são visíveis – e tanto que foram fotografadas — e ao mesmo tempo, invisíveis ao olho cotidiano. De fato, é preciso quase sempre que uma imagem revele a alguém aquilo que essa pessoa poderia ver por si mesma e que ela de fato já viu, que ela já “conhece”. O homem contemporâneo vê muito mais por meio da lente de uma câmara fotográfica ou cinematográfica ou, cada vez mais comum, pela lente da câmara embutida no celular. Não é exagero dizer que, em situações comuns, o homem contemporâneo só vê, só enxerga, depois, quando examina a foto de um lugar ou de algo que “viu” ao vivo no passado. Hoje, é a objetiva de uma câmara que o ensina a ver. (Com a diferença, agravante para o problema do conhecimento pela imagem, de que quanto mais amplia a imagem disponível, quase sempre menos vê e menos entende, como no emblemático filme Blow up de Antonioni…).
A dignidade das fotos aqui mostradas contesta com frequência a dignidade das fotos jornalísticas. Há, naquelas aqui expostas, um algo a mais que, ao revelar seu objeto (torná-lo visível), oculta-o novamente (vela-o, tornando-o de novo ainda mais invisível). Estas fotos foram aqui agrupadas com um critério flexível: inútil, de resto, impor uma categorização demasiado rígida às obras de arte.
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A exposição inclui fotos feitas entre 1933 e a atualidade, de autoria de 50 dos mais destacados nomes incluídos na Coleção Pirelli MASP – entre eles Cláudia Andujar, Geraldo de Barros, Gautherot, José Medeiros, Miguel Rio Branco, Thomas Farkas, Pierre Verger, German Lorca – tendo por objeto mais de 20 cidades do Brasil e do mundo.
Teixeira Coelho, maio 2014