Matéria de Silas Martí originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo
Um recorte poderoso da nova geração de artistas brasileiros estará numa grande mostra que o Museu Astrup Fearnley, em Oslo, abre em outubro. Essa será a contrapartida brasileira depois que o museu trouxe obras importantes de norte-americanos em seu acervo para uma mostra no pavilhão da Bienal de São Paulo, no parque Ibirapuera, há dois anos.
Embora a ideia dos curadores da mostra Gunnar Kvaran e Hans Ulrich Obrist seja destacar a “nova geração” das artes visuais do país, há também autores já consagrados na exposição.
A Folha teve acesso à lista dos artistas escolhidos, que tem nomes como Carlos Zilio, Cildo Meireles e Tunga, que despontaram nos anos 1960 e 1970, artistas com trajetórias já bem estabelecidas como Adriana Varejão, Fernanda Gomes, Milton Machado e Rivane Neuenschwander, além dos nomes mais fortes da novíssima geração, como Cinthia Marcelle, Jonathas de Andrade, Marcellvs L., Paulo Nazareth, Rodrigo Matheus, Sara Ramo e Sofia Borges. Há ainda uma artista moderna, a escultora surrealista Maria Martins, que morreu em 1973, e a participação do músico Caetano Veloso.
Outros nomes na mostra são: Adriano Costa, Arrigo Barnabé, Deyson Gilbert, Gustavo Speridião, J. Borges, Mayana Redin, Montez Magno, Paulo Nimer Pjota, Pedro Moraleida, Rodrigo Cass e Thiago Martins de Melo.
“São todos artistas que achamos que têm uma presença interessante no circuito global”, diz Kvaran à Folha. “Mas a ideia é mostrar a nova geração de artistas no Brasil, que está se distanciando das tradições neoconcretas, com uma orientação mais conceitual e profunda.”
Kvaran, islandês que dirige o Astrup Fearnley, vem trabalhando com Ulrich Obrist, o curador suíço à frente da Serpentine, em Londres, numa série de mostras com recortes geográficos como esse dedicado agora ao Brasil. Já montaram mostras específicas sobre artistas norte-americanos, chineses e indianos. Na opinião de Kvaran, a cena brasileira é hoje a mais forte no mundo.
“É uma geração muito forte, de artistas mais conceituais que estão inventando novas linguagens”, diz o curador. “Há uma verdadeira construção estética e um distanciamento muito claro da tradição neoconcreta, que foi muito forte no Brasil, e do formalismo que também vigorou muito no mundo.”