Ao lado de gravuras japonesas do século XIX, exposição gratuita no Palácio dos Bandeirantes mostra quimonos luxuosos que correm risco de desaparecer
A exposição “A Arte dos Quimonos e as Gravuras Japonesas do Acervo Artístico dos Palácios” marca os 105 anos da imigração japonesa no Brasil, comemorada em 18 de junho, quando o navio Kasato Maru desembarcou a primeira leva de imigrantes no Porto de Santos, e os 35 anos da fundação do MHIJB. Ao lado das 30 peças de quimono estão expostas uma série de 30 ukiyo-e, gravuras produzidas no Japão, no século XIX, que fazem parte da coleção do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo.
Os quimonos estão divididos pelos temas das estampas (objetos, leques, fitas) e técnicas de confecção (pintados, bordados, tramas). A delicadeza da produção é tamanha que há quimonos bordados com fios de ouro. Como no Japão as estações do ano são bem definidas, ainda há um quimono para cada época, que serão mostradas na exposição.
A moda dos quimonos
Os quimonos fazem parte e se tornaram um dos símbolos da milenar tradição japonesa. A partir do século XIX, na esteira da Restauração Meiji, quando o Japão abriu as portas e os portos para a influência ocidental, o quimono quase deixou de ser usado no Japão, mas curiosamente causou uma revolução na moda ocidental. Inspirado pelas roupas japonesas o costureiro Paul Poiret criou peças que aboliram o espartilho libertando o corpo das mulheres da Belle-Époque. Nas últimas décadas, a tradição foi resgatada e se tornaram peças fashion. Voltaram a fazer sucesso, principalmente no verão, quando os jovens japoneses saem às ruas para ver os festivais de fogos de artifício usando tecidos mais leves e coloridos.
Gravuras
A coleção de 30 gravuras produzidas no Japão, no século XIX, pertencente ao Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo também integra a mostra. Denominadas ukiyo-e, as gravuras refletem a estética do mundo flutuante associada à prosperidade da cultura urbana nipônica no período Edo (1600-1867), envolvendo o processo de impressão sobre papel de palha de arroz em xilogravura. A temática aborda o teatro kabuki, os guerreiros e as mulheres de entretenimento, também conhecidas como figuras bonitas. O quimono é retratado constantemente, revelando o requinte das técnicas de tessitura, tingimento e tecelagem e o significado que desempenha perante as relações sociais. Segundo a curadora do Acervo-Artístico, Ana Cristina Carvalho, “a imagem dos quimonos é, portanto, a ponte que integra as duas coleções”.
Palácio dos Bandeirantes
Data: de 29 de maio a 28 de julho
Horário de visita: de terça a domingo, das 10h às 17h (de hora em hora)
Crédito de foto: Helio Tenguan Nobre